Jornal italiano 'La Repubblica' aponta Tolentino Mendonça como um dos favoritos a Papa
José Tolentino Mendonça, de 59 anos, é um dos favoritos para suceder o Papa Francisco, que morreu no passado dia 21 de Abril, aos 88 anos, no Vaticano.
Quem o diz é o jornal italiano 'La Repubblica', que apontou os candidatos mais fortes à eleição papal, que acontece a 7 de Maio.
Num conclave em que o maior número de cardeais pertence aos italianos (19), também há a possibilidade de ser eleito o primeiro Papa asiático, o primeiro papa negro e africano da história moderna ou, até mesmo, um madeirense.
Escolha será entre Papa "de transição" ou "de ruptura"
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou hoje que o próximo conclave vai escolher entre "um Papa de transição" ou um líder da Igreja Católica "tão inovador e tão de rutura" como foi Francisco.
O 'La Reppublica' salienta que D. Tolentino Mendonça é da mesma corrente de pensamento de Francisco, sendo também mais novo entre os favoritos.
O actual prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, na Cúria Romana está "entre os cardeais mais conhecidos, com um forte perfil cultural e capacidade de atingir um vasto público", sublinha o periódico.
Poeta, ensaísta, teólogo, professor, José Tolentino Mendonça, nasceu em Machico, a 15 de Dezembro de 1965 e foi ordenado padre em 1990. Vive no Vaticano desde 2018, onde foi responsável pela Biblioteca Apostólica e pelo Arquivo Secreto. Em 2019, foi elevado a cardeal pelo Papa Francisco.
Em Fevereiro deste ano, por ocasião do Jubileu dos Artistas e do Mundo da Cultura, substituiu o Sumo Pontífice numa missa, altura em que Francisco esteve internado no hospital Gemelli, em Roma.
Madeirense D. Tolentino Mendonça vai substituir Papa na missa de domingo
O cardeal madeirense D. Tolentino Mendonça deverá substituir o Papa Francisco, na missa dominical deste fim-de-semana que será celebrada na Basília de São Pedro, no Vaticano. A necessidade de substituição do Sumo Pontífice acontece na sequência do internamento para recuperar de uma bronquite. A notícia é confirmada pela agência Ecclesia.
Entre os portugueses eleitores estão também os cardeais António Marto, Manuel Clemente, José e Américo Alves.
Quatro portugueses entre os que elegem sucessor de Francisco
Os bispos eméritos de Lisboa e de Leiria-Fátima, o bispo de Setúbal e o prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, na Cúria Romana, são os quatros portugueses que participam na escolha do novo Papa.
A estes juntam-se outros nove cardeais lusófonos que ajudarão a escolher sucessor de Francisco (sete brasileiros, um de Timor-Leste e outro de Cabo Verde).
Treze cardeais lusófonos ajudam a escolher sucessor de Francisco
O próximo Papa será eleito por 135 cardeais, entre os quais estão sete brasileiros e quatro portugueses, a que se juntam, entre os lusófonos, um de Timor-Leste e outro de Cabo Verde.
No próximo dia 4 de Maio termina o período de luto pela morte de Francisco e, na manhã, do dia 7 e de acordo com as regras do Vaticano, os cardeais participarão numa missa solene na Basílica de São Pedro, no Vaticano, antes de os eleitores se reunirem na Capela Sistina, à tarde, para a votação à porta fechada, que poderá durar vários dias.
Como se escolhe um Papa?
Quando um Papa morre ou renuncia ao cargo, a Igreja Católica inicia um processo altamente reservado e espiritual: o Conclave. Este ritual centenário, envolto em tradição, silêncio e solenidade, conduz à eleição do novo líder espiritual de mais de mil milhões de católicos em todo o mundo. Mas como funciona exatamente este processo? Quem participa? Como se vota? E o que acontece quando se ouve a célebre frase “Habemus Papam”? Esta é uma viagem ao coração de uma das escolhas mais simbólicas da história da Igreja.
A eleição no conclave (do latim 'cum clavis' ou fechado à chave) está definida até aos mais ínfimos pormenores na Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis e é secreta.
Os cardeais eleitores estão proibidos de trocar cartas, mensagens ou telefonar a alguém do exterior, assim como de ler jornais, ouvir rádio ou ver televisão enquanto durar a reunião, para evitar pressões.
A obrigação de manter segredo estende-se a todos os funcionários do Vaticano que servem os cardeais neste período ou que têm acesso aos locais em que se encontram e quem violar as regras será castigado, podendo mesmo ser expulso da Igreja Católica.
Os cardeais não podem declarar-se candidatos, só podendo ser considerados como tal pelos seus pares durante a eleição, e também não lhes é permitido chegarem a acordos ou fazerem promessas, absterem-se ou votarem em si mesmos.
Para que seja eleito o novo Papa é precisa uma maioria de dois terços, estando prevista a realização de duas votações de manhã e duas à tarde, após cada duas delas os boletins de voto são destruídos num fogão instalado na Capela Sistina e a cor do fumo da queima indica o resultado, preto se o escrutínio continuar, branco se tiver sido escolhido o novo líder dos católicos.
Caso ninguém tenha sido eleito nos primeiros três dias do conclave está previsto um dia de reflexão, que terá de ser seguido de sete outras votações inconclusivas antes de passar a ser necessária apenas uma maioria absoluta.
O Papa Francisco foi eleito à quinta votação, no segundo dia do conclave, enquanto o seu antecessor, Bento XVI, foi escolhido à quarta.
Em ambos os casos, além do fumo branco que saiu da chaminé da Capela Sistina, o toque a repique dos sinos da basílica de São Pedro anunciou a escolha do novo pontífice.
O último acto do conclave é questionar o escolhido sobre se aceita o cargo - sabendo que a Constituição Apostólica indica que deve "submeter-se humildemente à vontade divina" -- e qual o nome por que pretende ser conhecido.
Jorge Mario Bergoglio escolheu o nome de Francisco numa homenagem a São Francisco de Assis, o santo dos pobres.
O que será o 267.º Papa terá depois de colocar as vestes brancas próprias do cargo e dirigir-se à sacada da Basílica de São Pedro, onde o primeiro cardeal dos diáconos já anunciou "Habemus Papam" ("Temos Papa"), para saudar os fiéis reunidos na praça em frente e dar a bênção "Urbi e Orbi" (à cidade [Roma] e ao mundo).