Um dos principais objectivos da Rede Europeia Anti-Pobreza em Portugal (EAPN) com o fórum que hoje acontece na Assembleia Legislativa da Madeira passa por “desconstruir estereótipos” e acabar com “algumas ideias erradas” em relação aos migrantes.

Isso mesmo salientou Maria José Vicente, notando que a promoção da interculturalidade pode ser uma forma de combater a exclusão social e a pobreza.

Aos jornalistas, antes do início dos trabalhos, a coordenadora nacional da Rede Europeia Anti-Pobreza destacou a importância de promover a informação e, ao mesmo tempo, incentivar a um maior conhecimento sobre as comunidades migrantes no nosso país, como forma de acabar com os estigmas que se criam em relação a essas pessoas que vêm para Portugal e para a Madeira à procura de melhores condições de vida.

Confrontada com algumas situações em que alguns migrantes acabam caindo em situação de exclusão social e pobreza, Maria José Vicente focou a importância do envolvimento dos vários actores neste processo de adaptação e acolhimento, destacando que a população imigrante “é uma mais-valia”, contribuindo para o reforço do rejuvenescimento da população portuguesa, bem como para a saúde financeira da segurança social, já que, notou, estas pessoas também fazem os seus descontos.

Nesse envolvimento dos vários actores, a coordenadora nacional da Rede Europeia Anti-Pobreza enfatiza o contributo dos empresários, não escondendo, ainda assim, a exploração laboral a que alguns imigrantes estão sujeitos. Mais uma vez, aquela responsável coloca a tónica a informação e na capacitação das pessoas que lidam com estas situações.

A importância de encontros como o que hoje acontece no Funchal, notou, passa, também, pelo apresentar de algumas práticas de intervenção que promoverem melhores políticas e atitudes inclusivas, que podem ser apreendidas por outras pessoas que intervêm nestes processos.

Conforme notou Maria José Vicente, o objectivo primordial passa por "promover o maior conhecimento destas comunidades, mas sobretudo também inspirar as práticas de intervenção, que podem ser impulsionadoras para outros territórios. A mais-valia desta semana, desta iniciativa, é poder conhecer o que é que outros territórios estão a desenvolver, e ser, também, inspiradora para levar outras práticas de intervenção a nível territórial".   

Recusa, nessa linha, os discursos populistas que apontam para mais apoios para estas comunidades do que para a população portuguesa.

O fórum 'Mobilidade Global, Integração e Diversidade Cultural' conta com a participação de vários oradores, divididos por três mesas, que acontecem ao longo do dia. 'Construindo pontes: A integração dosmigrantes na comunidade'; 'A Riqueza da diversidade: contribuição da cultura cigana' e 'Mãos que constroem: a contribuição dos migrantes para a sociedade' procuram tocar os vários aspectos da migração em Portugal e na Madeira.