Abril, mês da liberdade e do rejuvenescimento
O 25 de Abril de 1974, também conhecido pela revolução dos cravos, trouxe-nos há 51 anos, uma ordeira, genial e bem engendrada revolta militar, que levou a que Portugal pudesse finalmente restaurar a sua liberdade e democracia e, deste modo, derrubando o governo ditatorial de então do Estado Novo. Mas, voltando a mais de um século atrás no tempo (115 anos) também outra data histórica foi, a Implantação da República, que ocorreu a 5 de outubro de 1910, e que se traduziu então num marco importante na história do país, garantindo o fim da monarquia e o início do regime republicano. Estes acontecimentos do século XX, foram para todos os efeitos muito relevantes para Portugal, e que hoje fazem definitivamente parte da história deste país. Mas, trazendo para à atualidade as memórias deste mês de abril, impõe-se perguntar aos que viveram essa data; onde estavam nessa altura? Há 51 anos, foi demais evidente a euforia de um povo que, na madrugada do dia 25, se libertava de uma penosa e miserável ditadura. Lembro-me, tinha eu os meus 20 anos e, nesse dia já me encontrava incorporado num dos pelotões da escola de abril, nas instalações do “GAG 2” (Grupo de Artilharia de Guarnição n.°2) em São Martinho, após me alistar antecipadamente nesse turno. Fui um ex-militar especializado como condutor/atirador, com o nº Mec. 015555/74 e que, durante cerca de 2 anos serviu a Pátria no Ultramar Português. Posso mesmo dizer-vos: a minha situação académica era nessa altura insuficiente, pelo que só melhorei essa condição após o serviço prestado e o regresso à ilha. Hoje, passado todo este tempo, não sinto que esteja “são” e muito menos “salvo”. O mundo está como se sabe! A minha vida tem sido um longo percurso de trabalho – que felizmente nunca me faltou – e entrega total às minhas responsabilidades. Apesar de tudo, acho que trilhei o caminho certo. Desde há 12 anos a esta parte, tenho vindo a aproximar, através de convívios anuais, um grupo de antigos combatentes do Batalhão 4911/74 a que eu pertenci. Este, que foi o último a ser formado na Ilha da Madeira e mobilizado para Angola nesse mesmo ano de 1974, logo após a revolução de abril. Como responsável/coordenador por este grupo de “camaradas de armas” e amigos, neste momento o mesmo representa cerca de 60 indivíduos. Assim, vou fomentando com eles a amizade e proximidade entre todos, através de uma salutar convivência baseada numa forma simples e descomplexada de nos orientarmos. E aqui devo acrescentar: sem armas, sem formaturas, sem marchas, e sem constrangimentos. Sob o lema “Celebrar a Vida de Cabeça Erguida” é exatamente nesta condição que, anualmente nos encontramos num almoço convívio no mês de outubro, a coincidir com o regresso a casa, em 1975. Portanto, o que sucedeu a 50 anos de ditadura, foram outros 50 de liberdade e de rejuvenescimento. A todos os ex-militares, antigos combatentes, que desta ilha partiram em defesa da sua Pátria; PARABÉNS e, viva a liberdade! Bem-haja.
Vicente Sousa