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Fact Check Madeira

Paulo Cafôfo teve a sua décima derrota?

Paulo Cafôfo terá perdido 10 combates eleitorais no PS-M?

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O secretário-geral do PS referiu, num programa da CNN na terça-feira à noite, que o desastre eleitoral do PS-M no domingo passado não acontece pela primeira vez. “Nem sequer foi a primeira vez, nem a segunda”, sublinhou Pedro Nuno Santos num debate com o comentador Rui Calafate, que atribuiu, com a anuência do líder socialista a derrota de domingo exclusivamente a Paulo Cafôfo.

Os ecos da derrota socialista na Madeira e a ultrapassagem do JPP, relegando o partido para terceira força partidária suscitou vários comentários críticos quanto à liderança de Cafôfo.

Logo na noite das eleições, Francisco Seixas da Costa, ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais de António Guterres, publicava um post nas redes sociais, a dar conta que “o cabeça-de-lista do PS-M teve a sua 10.ª derrota (eleitoral)”. E, avançou o embaixador, em tom irónico: “Perder 10 vezes não é uma coisa por aí além; bem pior seria perder 20 vezes, não é? E assim até pode entrar no Guiness!”.

Depois de Seixas da Costa, foi a vez de outro histórico socialista, Ascenso Simões, escrever uma opinião violentíssima no Expresso, visando Paulo Cafôfo e arrasando o seu percurso, culpando igualmente António Costa “pela desgraça do PS-M”. Para o ex-deputado o actual presidente do Conselho Europeu apadrinhou a caminhada de Cafôfo para se “vingar” de Carlos Pereira.

Simões é cáustico: o actual presidente do PS-M desempenhou o cargo de secretário de Estado das Comunidades Portuguesas “com pouco primor, mas com enorme autoconvencimento”.

Mas, será verdade que Paulo Cafôfo, que saltou para a ribalta quando conseguiu vencer as eleições para a Câmara do Funchal, em 2013, perdeu, de facto 10 eleições? Vamos a contas.

O teste começou em 2019, quando encabeçou a lista socialista às Regionais de 22 de Setembro daquele ano. Obteve 35,76% dos votos e o partido elegeu 19 deputados à Assembleia Legislativa. Contudo não conseguiu bater o PSD, que venceu o escrutínio com 39,42%. A diferença entre os dois nunca tinha sido tão curta e os ânimos socialistas estavam mais altos que nunca.

A partir de 25 de Julho de 2020, Paulo Cafôfo assume a presidência do PS-M e passa a ser o primeiro responsável pela feitura das listas. No ano a seguir, nas Autárquicas 2021, que se realizaram a 26 de Setembro, o PS segura as câmaras do Porto Moniz, Ponta do Sol e Machico, mas perde o seu principal activo, o Funchal, para o rival PSD. Miguel Silva Gouveia era o candidato pela coligação Confiança. Na sequência dessa derrota, Cafôfo, que tinha interrompido o mandato autárquico em 2019, sai da liderança do PS e renuncia ao mandato de deputado à Assembleia Legislativa. Em 2022 é chamado pelo amigo António Costa para o cargo de secretário de Estado das Comunidades Portugueses.

Em Dezembro de 2023, depois dos maus resultados obtidos pelo PS (21,30%) nas eleições Regionais da Madeira, em que desceu de 19 para 11 deputados, foi novamente eleito presidente do PS/Madeira, tendo sido o único candidato que se apresentou às eleições internas. Sucedeu a Sérgio Gonçalves.

Em 2024 obtém 19,84% dos votos nas Legislativas Nacionais de 10 de Março, conseguindo eleger dois deputados. O PSD venceu aquele escrutínio com 35,38% da votação. Ele próprio encabeça a lista e segue para Lisboa. Contudo, em 26 de Maio de 2024, há eleições antecipadas para o parlamento madeirense e Paulo Cafôfo volta a liderar a lista socialista. Alcança 21,32 % da votação, ganha novamente pelo PSD, e mantém os mesmos 11 deputados conseguidos por Sérgio Gonçalves. O líder fica na Assembleia Legislativa e assume o cargo de líder parlamentar.

A 9 de Junho do mesmo ano dão-se as Eleições Europeias. O PS-M indica Sérgio Gonçalves e obtém 25,99% da votação, num escrutínio ganho uma vez mais pelo PSD, com 42,65%.
Já este ano, novas eleições antecipadas para a ALRAM. O PS, pela mão de Cafôfo, perde de forma estrondosa, sendo ultrapassado pelo JPP, obtendo 15,64%, ficando reduzido a 8 deputados. Contudo, se regredirmos a 2015 e sob a liderança de Victor Freitas, o PS, que liderou uma coligação de 4 partidos ficou-se pelos 11,43% dos votos, ocupando a terceira posição a nível regional, atrás do CDS.

Contas feitas e com Paulo Cafôfo na presidência, o PS perdeu cinco actos eleitorais (Autárquicas de 2021, Legislativas Nacionais de 2024, Regionais de 2024 e 2025 e Europeias de 2024). Como cabeça-de-lista perdeu também as Regionais de 2019. No total, foram seis as eleições por si perdidas.

Os restantes escrutínios (Europeias de 2019, Legislativas Nacionais de 2019, de 2022 e Regionais de 2023) eram líderes Emanuel Câmara e Sérgio Gonçalves.

É verdade que entre 2019 e 2025 o PS-M perdeu 10 actos eleitorais na Madeira.
E é também verdade que, a nível regional, os socialistas nunca ganharam. Nunca foram o partido mais votado a nível global. Venceram já por diversas vezes autarquias, incluindo o Funchal, em coligação, com Paulo Cafôfo à frente.

Paulo Cafôfo teve a sua 10.ª derrota (eleitoral)?