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Arábia Saudita e Egipto condenam bloqueio israelita de ajuda humanitária para Gaza

FOTO MOHAMED HOSSAM/EPA  
FOTO MOHAMED HOSSAM/EPA  

A Arábia Saudita condenou hoje a decisão de Israel bloquear a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, considerando-a um "instrumento de chantagem" e uma "punição coletiva".

Em comunicado divulgado pela agência oficial SPA, o Ministério dos Negócios Estrangeiros saudita considera condenável a decisão do governo israelita de bloquear a entrada de ajuda humanitária em Gaza.  "Trata-se de uma violação flagrante do direito internacional (...) tendo em conta a catástrofe humanitária que o povo palestiniano irmão enfrenta", acrescenta o comunicado saudita. A Arábia Saudita reitera, no comunicado, o apelo "à comunidade internacional para que ponha fim a estas graves violações israelitas" e "garanta um acesso duradouro à ajuda" ao povo palestiniano.

Também o Egipto condenou hoje a decisão de Israel de bloquear a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, descrevendo-a como uma "violação flagrante" do acordo de tréguas. "Esta medida constitui uma violação flagrante do acordo de cessar-fogo e do direito internacional humanitário", declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Cairo em comunicado. A diplomacia egípcia considerou não haver razão, nem "nenhuma circunstância, nenhuma lógica que permita utilizar a fome de civis inocentes e o cerco que lhes é imposto, especialmente durante o mês do Ramadão, como arma contra o povo palestiniano". O Egito, que mediou com o Qatar e com os Estados Unidos a trégua entre Israel e o Hamas, apelou à comunidade internacional para que assuma as suas responsabilidades e "ponha fim a todas as práticas ilegais e desumanas contra civis".

O governo israelita anunciou hoje a suspensão da ajuda humanitária no enclave, acusando o movimento islamita palestiniano Hamas de "não aceitar o projecto (do enviado especial dos EUA Steve) Witkoff para a continuação das conversações", referindo-se à proposta de prolongamento da primeira fase das tréguas.

O Egito espera que uma delegação israelita chegue ao Cairo para discutir uma proposta egípcia, que inclui o prolongamento da primeira fase por duas semanas.  As negociações entre Israel e o Hamas foram interrompidas na sexta-feira, depois de a equipa de negociação israelita ter proposto aos mediadores no Cairo o prolongamento da fase atual, a fim de manter as trocas de reféns por prisioneiros palestinianos, sem implementar a segunda fase.

O Hamas qualificou a proposta israelita como "inaceitável" por considerar que tal decisão permite a Israel manter as suas forças no enclave, incluindo no corredor estratégico de Filadélfia, ao longo da fronteira com o Egito, sem se comprometer a pôr fim à guerra, como consta do pacto que assinaram em Doha em janeiro.

O conflito em Gaza iniciou-se com um ataque do Hamas em 07 de outubro de 2023, que causou 1200 mortos em Israel, na sua maioria civis, e fez cerca de 250 reféns, segundo Telavive. Em resposta, a ofensiva militar israelita matou mais de 48 mil pessoas, segundo as autoridades de Gaza controladas pelo Hamas. As duas partes concordaram com o acordo de cessar-fogo em três fases em meados de janeiro.