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Fact Check Madeira

Sempre existiram excessos na noite madeirense?

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Foto Shutterstock

O relatório anual sobre a situação do país em matéria de drogas e toxicodependências e álcool referente ao ano de 2023, do Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD) concluiu que nesse ano a idade de início do consumo de álcool entre os jovens portugueses agravou-se.

Segundo o documento, que analisa dados de 2022 e 2023, "verificaram-se agravamentos ao nível das idades de início dos consumos, das prevalências do consumo recente e actual, das de embriaguez severa e dos consumos de risco elevado/nocivo e da dependência, o que reforça a tendência de aumento da dependência desde 2012, que quase quadruplicou em dez anos".

No entanto, tal como o DIÁRIO noticiou, a realidade da Madeira é mais positiva, pelo menos no caso da embriaguez severa. Apesar de ter sido ligeira, a Região teve a maior descida entre as regiões portuguesas, embora apresente média acima da nacional no que toca ao ‘bringe drinking’ (consumo episódico excessivo) e à embriaguez recente.

Um dos nossos leitores deixou um comentário nas redes sociais a garantir que os excessos na noite madeirense sempre existiram, nomeadamente nos anos 80 e 90. O internauta escreveu ainda que a única diferença é que na altura não existiam redes sociais nem telemóveis, o que fazia com que os casos fossem mais ‘abafados’, nomeadamente os casos de álcool.

Mas será que sempre foi assim?

Ora, analisando algumas das nossas notícias, verificamos que nestas décadas foram vários os episódios de violência registados na Região devido ao consumo de álcool. Contudo, não existem dados que nos permitam afirmar que a idade do consumo de álcool entre os jovens agravou-se com o passar dos anos.

Na edição impressa do dia 15 de Dezembro de 1990 o DIÁRIO dava conta de que dois jovens, de 18 e 25 anos roubaram e mataram um taxista. A mesma notícia informava que o crime tinha sido perpetrado quando os jovens se encontravam alcoolizados, após uma saída nocturna.

Este ano ficou também marcado pela morte de 27 condutores das estradas da Madeira, sendo que metade deles estavam sob efeito de álcool.

Em 1991, na Missa de Pentecostes, o bispo D. Teodoro de Faria deixou a seguinte mensagem aos jovens: “Precisais de ser cristãos nas discotecas, sabendo ouvir música e dançando decentemente nos bares, não abusando do álcool (…), respeitando o vosso corpo”.

Aliás, em 1991, duas jornalistas do DIÁRIO foram mesmo fazer um circuito pela cidade durante duas noites. Na revista publicada no dia 1 de Setembro de 1991 fizeram uma pequena descrição do que encontraram: “Alguns assumem a verdade publicamente. Outros escondem-se no sigilo do clandestino dando hipóteses, na manhã seguinte, de acordar mais ou menos ressacados. (…) Vimos stripe-tease. São histórias de álcool, dinheiro, sexo, mentiras e verdades”.

Já em 1999 o DIÁRIO noticiava na revista o aumento do consumo de bebidas alcoólicas por parte dos jovens que estavam a introduzir a cultura das bebidas fulminantes, uma mistura de vodka, whisky, absinto, licor e refrigerante a que deram o nome de ‘shot’.

Um negócio rentável para muita gente, onde as vítimas nada ganham.

Sempre existiram excessos na noite madeirense?