Será o rastreio ao cancro do pulmão uma promessa adiada na Madeira?
O secretário regional da Saúde e Protecção Civil aproveitou a sua participação no fórum, que assinalou o Dia Mundial do Cancro, realizado nesta terça-feira, no Funchal, para anunciar que, ainda em 2025, deve avançar o rastreio do cancro do pulmão na Madeira.
Pedro Ramos, desta vez, foi cauteloso e colocou a promessa no condicional. Disse que o Sistema Regional de Saúde, abrangendo o público e o privado, está "a trabalhar nesse sentido" – implementar o rastreio - esperando poder dar essa notícia "até final do ano".
Vários madeirenses não perderam tempo e acusaram Pedro Ramos e o Governo Regional de fazerem promessas e anúncios que não cumprem, havendo referência específica ao rastreio do cancro do pulmão.
No entanto, será mesmo que o rastreio ao cancro do pulmão foi anteriormente anunciado e, como resulta claro, nunca iniciado?
A verificação à veracidade ou não das acusações dos leitores vai ser feita com recuso a notícias na comunicação social, para apurar se houve anúncios do início do rastreio do cancro do pulmão, que não foram concretizados, em anos anteriores.
Nessa pesquisa, identificámos, em Fevereiro de 2022, um texto em que era noticiado que a Madeira se preparava para dar início ao rastreio organizado do cancro do pulmão. A notícia foi feita com base em declarações de Pedro Ramos, proferidas depois de visitar o Serviço de Pneumologia do SESARAM e no decurso da apresentação do alargamento do Programa + Visão às crianças com idades entre os zero e os 14 anos.
No dia seguinte, o DIÁRIO dava voz ao governante que, sobre a iminência do novo programa de saúde, garantia que os serviços continuavam “a proteger a nossa população e a promover condições ideais de saúde e a prevenir doenças com impacto muito grande na morbilidade e na mortalidade, sempre indesejada”.
A 26 de Fevereiro 2024, a RTP-Madeira noticiava: ‘Madeira avança com o rastreio ao cancro do pulmão’. E no sítio da Internet da televisão era acrescentado: “A Região vai avançar com o rastreio ao cancro do pulmão, já a partir do próximo mês. A recomendação é europeia e será aplicada na Madeira, garantiu o secretário regional de Saúde, Pedro Ramos.”
Assim, facilmente se constata que os leitores têm razão quando afirmam, em especial no caso do rastreio do cancro do pulmão, que a iniciativa tem sido anunciada, mas não concretizada. No entanto, agora – Fevereiro de 2025, Pedro Ramos coloca em termos menos afirmativo e mais condicional, de desejo, quase.
O mais comum em todo o Mundo
Esclarecida a veracidade da afirmação, deixamos, com recurso ao infocancro, ligado aos laboratórios Roche, algumas informações relacionadas com o cancro do pulmão.
“O cancro do pulmão é, desde há várias décadas, o cancro mais comum em todo o Mundo, sendo igualmente o responsável pelo maior número de mortes por cancro – 1 em cada 5, ou seja, mais ou menos 18,2 % do total de mortes por cancro.”
Em todo o Mundo, a cada minuto morrem três pessoas de cancro do pulmão. São praticamente 1,7 milhões de mortes por ano, que comparam com 359 mil de cancro da próstata, 881 mil de cancro colo-rectal e 627 mil de cancro da mama.
“Esta mortalidade pode ser explicada em parte olhando para alguns factos: Mais de 2/3 dos casos de cancro do pulmão são diagnosticados num estadio avançado, quando as probabilidades de sobrevivência são menores. Em estadios mais avançados, o prognóstico é de uma taxa de sobrevivência aos 5 anos que varia entre os 6% e os 35 %.” Por aqui se percebe a importância do rastreio.
O maior factor de risco para o cancro do pulmão é fumar, mas a exposição ao fumo (mesmo não sendo fumador), ao radão, ao amianto, à poluição do ar, ter doenças pulmonares e uma história pessoal com doença de cancro aumentam as probabilidades de contrair a doença.
“As causas e formas da sua prevenção continuam a ser estudadas. No entanto, sabemos que a melhor forma de o prevenir é deixar de fumar (ou nunca começar a fumar). Quanto mais cedo deixar de fumar, melhor. Mesmo que tenha fumado durante muitos anos, nunca é tarde demais para deixar de fumar.”