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Terá a baixa da taxa de mortalidade da Covid-19 sido insignificante?

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‘O coronavírus que paralisou o País evoluiu e é agora menos letal’. Este foi o título de uma notícia difundida pela agência Lusa, nesta quinta-feira, sobre a Covid-19. O texto lembrava, contudo, que continua a haver infecções e que algumas levam à morte da pessoa, isto, apesar de o vírus ser menos mortífero.

Um especialista, o investigador do Instituto de Medicina Molecular (IMM) da Universidade de Lisboa, Miguel Castanha, ouvido pela Lusa disse: “O SARS-CoV-2 tem demonstrado uma notável capacidade de adaptação. Neste sentido, surgiram muito rapidamente variantes e subvariantes durante a pandemia. Felizmente, acabou por acontecer o que é mais comum, que é a evolução dos vírus para formas menos letais."

No entanto, continua a existir o risco de algumas subvariantes se tornarem mais agressivas e, consequentemente, mais mortíferas.

A notícia suscitou muitos comentários, nomeadamente, ainda que não só, nas redes sociais do DIÁRIO. Um leitor, eventualmente em tom sarcástico e/ou exagerado, afirmou: “A taxa de mortalidade passou de 0.2% para 0.198%…foi isso”. Apesar disso, da possibilidade de sarcasmo, há uma ideia que é passada, a de que a covid-19 continua a provocar a morte, nos moldes que provocava. Será isso verdade?

Para verificar veracidade da ideia de que a Covid-19 continua a matar tanto quanto no início da pandemia ou até mesmo a meio do tempo entretanto decorrido, socorremo-nos dos últimos dados divulgados pela DGS – Direcção Geral de Saúde, com data de 25 de Fevereiro, mas a análise mais fina incide no período pós-29 de Setembro de 2022, quando acabou a testagem massiva e passaram a ser testados só parte dos casos suspeitos.

Atentemos, primeiro, ao número global de mortos. Até ao presente, estão atribuídas à covid-19 29.150 mortes. Desse número, 14 ocorreram durante este mês de Fevereiro de 2025 e 27 em Janeiro último. Aqui já começamos a notar diferenças, por exemplo, relativamente a 2024, quando, em idênticos meses foram registadas 27 e 157, respectivamente.

Mas, se a comparação for relativa a Fevereiro e Janeiro de 2023, a diferença é ainda maior. Naqueles meses houve 200 e 235 mortes, respectivamente.

Apesar disso, verifica-se que a taxa de letalidade (morte / casos) é superior. Isso não significa que o vírus está matar mais. Como o número de casos diagnosticados é bem menor, qualquer morte tem um peso superior na taxa.

Nos dois primeiros meses de 2025, foram diagnosticados 597 casos, nos mesmos dois meses de 2024 foram identificados 3.353 e em Janeiro e Fevereiro de 2023 foram diagnosticados 13.401 caos.

Se considerarmos a taxa de mortalidade (mortos / 100 mil habitantes), verificamos uma quebra significativa. Também em Janeiro e Fevereiro de 2023, a taxa foi de 0,09 e 0,06. No ano seguinte – 2024, o indicador passou para menos de metade, 0,03 tanto em Janeiro como em Fevereiro. Neste ano, 2025, a mesma taxa foi em Janeiro de 0,02 e de 0,00 (números arredondados).

Só por estes indicadores dá para verificar a menor agressividade dos vírus. Mas vejamos, ainda, quando foram identificados mais casos de covid e quando mais mortos.

Os 10 dias de toda a história da covid-19 em Portugal com maior número absoluto de casos diagnosticados foram todos na segunda quinzena Janeiro de 2022, à excepção do dia 1 de Fevereiro do mesmo ano. Desse top dez número menos elevado foi 55.808 casos e o mais elevado, a 26 de Janeiro de 2022, foi 69.561 caos.

Foi na mesma quinzena, segunda de Janeiro de 2022, a altura em que se registou o maior número de mortes. No dia 22 Janeiro, foram registadas 264 morte e no dia 30 outras 297. Foi o número mais elevado.

Pelo exposto, com fundamento em dados oficiais, avaliamos como falsa a afirmação ou a sugestão de que a mortalidade causada pelo SARS-CoV-2 (Covid-19) se mantém praticamente inalterada.

“A taxa de mortalidade passou de 0.2% para 0.198%…foi isso” J. Abreu - Facebook