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HRW denuncia morte de 34 civis em ataque 'jihadista' no Mali e Exército investiga

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Foto LUSA

A Human Rights Watch (HRW) confirmou que pelo menos 34 civis foram mortos num ataque alegadamente levado a cabo por um grupo 'jihadista' em 07 de fevereiro no Mali e o Exército do país abriu uma investigação à situação.

Em causa está um ataque supostamente perpetrado por um grupo 'jihadista' no norte do Mali contra um comboio de trabalhadores mineiros e comerciantes escoltados pelo Exército do Mali.

O ataque ocorreu entre as cidades de Gao e Asongo quando combatentes 'jihadistas' atacaram uma coluna composta por pelo menos 19 veículos civis que transportavam mais de uma centena de civis, na sua maioria mineiros nigerianos e comerciantes do Mali, escoltados por pelo menos cinco camiões militares e várias motorizadas com soldados e milicianos malianos, lê-se numa nota da HRW.

Testemunhas disseram à organização humanitária que o comboio se estendia por cerca de um quilómetro de estrada, com dois veículos militares na frente e três na traseira.

O ataque ocorreu numa zona onde o grupo 'jihadista' Estado Islâmico no Grande Sahara ataca há mais de uma década as forças malianas, apoiadas desde dezembro de 2021 por mercenários russos do grupo Wagner.

O Exército do Mali informou sobre o sucedido em 08 de fevereiro e depois indicou que 24 pessoas morreram no incidente, perto de Kobé e após o qual ocorreram "combates violentos" entre as tropas do Mali e os agressores.

"O ataque em Kobé demonstra os riscos mortais que os civis no Mali enfrentam diariamente", lamentou Ilaria Allegrozzi, investigadora sénior do Sahel na HRW, apelando às autoridades do Mali para "investigarem imparcialmente o incidente para determinar se os agressores violaram as leis da guerra e como as suas próprias forças de segurança podem proteger melhor os civis em risco".

O Exército do Mali disse que está a investigar soldados que foram acusados por rebeldes separatistas tuaregues de matar pelo menos 24 civis no início desta semana.

O movimento de independência no norte do país acusou soldados e mercenários russos do grupo Wagner de intercetarem dois veículos de transporte civil com destino à Argélia vindos de Gao na segunda-feira, e de "executar friamente" pelo menos 24 pessoas entre os passageiros.

O Estado-Maior das Forças Armadas do Mali, sem se referir aos assassinatos, denunciou na quarta-feira "campanhas inebriantes" contra o Exército. Na sexta-feira, as autoridades anunciaram a abertura de uma investigação sobre as mortes de civis.

Analistas dizem que é improvável que a investigação culpe as tropas ou os mercenários russos.

"O objetivo das investigações será mais combater as acusações contra [o Exército] e Wagner do que tentar encontrar qualquer irregularidade por parte deste último. A conclusão da investigação provavelmente dirá que essas alegações são falsas", disse Rida Lyammouri, membro sénior do Centro de Políticas para o Novo Sul, um 'think tank' marroquino.

O Mali está em crise há mais de uma década. Em 2020, um grupo militar, aproveitando o descontentamento popular sobre os ataques de grupos 'jihadistas' armados, tomou o poder num golpe que derrubou o Presidente democraticamente eleito.