A precariedade ameaça o Jornalismo!

A precarização do trabalho é uma realidade constante também nos órgãos da comunicação social. Muitos jornalistas são obrigados a aceitar condições que não garantem a dignidade necessária para o exercício pleno da profissão.

Trabalhar com um salário baixo limita de forma severa e reduz drasticamente a capacidade de investir no próprio desenvolvimento profissional. A falta de estabilidade económica, os salários baixos, os horários desregulados ou os contratos frágeis, gera stresse e desmotivação e afecta directamente a qualidade do trabalho produzido.

Poucos sabem que, de acordo com o contrato colectivo de trabalho dos jornalistas, quem inicia a carreira recebe 903 euros por mês – um valor inferior ao salário mínimo proposto para 2026.

A maioria dos jornalistas tem licenciatura e um número crescente possui também mestrado. Com salários tão baixos e horários de trabalho profundamente desajustados, é difícil manter uma vida para além do trabalho. Esta profissão é essencial para garantir a boa saúde da nossa democracia. Como é possível manter os melhores talentos nas redacções com estes níveis salariais tão reduzidos?

Falo também com pai: ver uma filha apaixonada pela profissão esforçar-se todos os dias, apesar do seu magro salário e da incerteza, é motivo de orgulho – e de preocupação.

A precariedade no jornalismo não é um problema dos jornalistas. É um problema da sociedade.

Valorizar o jornalismo é valorizar a democracia.

Carlos Oliveira