Israel aprova preliminarmente comissão sobre ataque do Hamas
O parlamento israelita aprovou hoje preliminarmente, com críticas da oposição, a constituição de uma comissão de investigação presidida pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, sobre as falhas que antecederam o ataque do Hamas de 07 de outubro de 2023.
O projeto de lei avançou com 53 votos a favor e 48 contra, numa votação da qual estiveram ausentes vários membros do Governo de coligação, incluindo o deputado do Likud (partido de Netanyahu) Yuli Edelstein, em protesto contra a proposta do primeiro-ministro, apoiada pelo partido ultraortodoxo Shas e a fação Degel Hatorah do também ultraortodoxo Judaísmo Unido da Torá.
A votação ficou marcada por um grande tumulto e interrupções por parte dos parlamentares da oposição, com dezenas a rasgarem o texto do diploma e alguns a serem mesmo expulsos, descrevem as agências noticiosas EFE e France-Press.
Os deputados reclamam a constituição de uma comissão independente, condição que consideram não estar garantida na proposta hoje aprovada preliminarmente.
"[Netanyahu] está a esquivar-se à responsabilidade pelas malas com dólares provenientes do Catar. Está a esquivar-se à responsabilidade de o chefe do Shin Bet [serviços secretos internos israelitas] o ter avisado de que o Hamas estava a utilizar o dinheiro para comprar armas", afirmou, citado pela EFE, o líder da oposição, Yair Lapid.
O Governo israelita anunciou em novembro a criação de uma comissão independente de inquérito, sem ser estatal, caso em que tem de ser nomeada pelo presidente do Supremo Tribunal.
Assim, será o chefe de Governo a ter a prerrogativa da nomeação dos membros do executivo que vão determinar os prazos e o objeto do inquérito.
Na semana passada, a decisão foi criticada pelo "Conselho de Outubro", que reúne familiares e amigos das vítimas do atentado terrorista.
"O Governo continua a cuspir na cara das famílias enlutadas [...], uma vergonha que será lembrada por gerações e gerações", acusou, em comunicado.
O ataque do Hamas a Israel em 07 de outubro de 2023 causou cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e 251 reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 70 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo grupo islamita, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
Uma frágil trégua está em vigor desde 10 de outubro de 2025, com Israel e o Hamas a acusarem-se mutuamente de violações ao cessar-fogo.