Luísa Ducla Soares dá nome a prémio de literatura infantojuvenil lusófona
A escritora portuguesa Luísa Ducla Soares foi homenageada com a criação de um prémio de literatura infantojuvenil dos países de língua portuguesa, anunciou hoje o Letra Corrida -- Festival de Literatura Infantojuvenil de Coimbra.
O Prémio Luísa Ducla Soares tem como objetivo "incentivar a criação literária infantojuvenil em Portugal e no mundo lusófono", referiu a organização, no dia em que começa o festival Letra Corrida.
Citada em comunicado pelo festival, Luísa Ducla Soares, de 86 anos, manifestou entusiasmo pelo facto de o prémio abranger "os países lusófonos, que são a prova de que a semente desta língua nascida num pequeno país ibérico cresceu e floriu numa rica variedade de geografias, de experiências, de temas, de linguajares".
Com 55 anos de vida literária, Luísa Ducla Soares lembrou ainda que o livro e a leitura ajudam a desenvolver "as vivências profundas que falham na comunicação pela informática que domina a atualidade, apostando no imediatismo fácil e superficial".
"Assistimos, com apreensão, a um abaixamento do nível de inteligência da nova geração devido ao telemóvel e aos computadores, utilizados como fonte básica de leitura apressada. Famílias, escolas, governos estão a tentar contrariar esta gravíssima situação", alertou.
A primeira edição do Prémio Luísa Ducla Soares vai ser oficialmente lançada a 02 de abril de 2026 -- Dia Internacional do Livro Infantil --, sabendo-se, por agora, que será um prémio anual para obras inéditas de "novos autores dos países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa".
Só em abril se saberá o valor monetário do prémio, o regulamento e os critérios de admissão de candidaturas.
O júri vai integrar "três personalidades de reconhecido mérito", sendo o prémio atribuído durante o Letra Corrida - Festival de Literatura Infantojuvenil de Coimbra de 2026, previsto de 23 a 29 de novembro.
A segunda edição do Festival Letra Corrida acontece esta semana com mais de 40 horas de programação e 14 convidados, entre escritores, ilustradores, músicos e contadores de histórias, nomeadamente Pedro Chagas Freitas, Clara Cunha, Isabel Zambujal, Sofia Fraga e Sofia Vieira.
Encontros com autores, sessões de autógrafos, apresentações de livros, oficinas de ilustração e sessões de contos são algumas das atividades previstas d festival, que é organizado pela empresa GoldenSkill.
Luísa Ducla Soares é uma das mais conhecidas autoras de livros para crianças em Portugal. O primeiro livro foi "A história da papoila" (1972), publicado ainda durante o Estado Novo e que lhe valeu um prémio do Secretariado Nacional de Informação, que recusou por objeção de consciência.
Ducla Soares é autora de dezenas de histórias, inéditas ou recontadas a partir do cancioneiro popular, poesia, adivinhas, provérbios, trava-línguas e lengalengas.
Entre os últimos livros publicados estão "E se fôssemos a votos?" (2024), desenhado por Rachel Caiano, "Mário Soares: No Caminho da Liberdade" (2024), com Susana Cavalinhos, e "Cada macaco no seu galho" (2025), com Carolina Branco.
Algumas das suas histórias de vida foram partilhadas numa autobiografia publicada em 2020 e dirigida aos seus leitores mais novos.
Luísa Ducla Soares recebeu o Prémio Calouste Gulbenkian pelo conjunto da obra em 1996 e foi candidata a alguns dos mais relevantes prémios internacionais, entre os quais o Hans Christian Andersen e o Astrid Lindgren Memorial Award.