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Perseguição na Venezuela expande-se de políticos a profissionais, cidadãos e activistas

Foto Shutterstock
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A organização não-governamental Justiça, Encontro e Perdão (JEP), denunciou esta quarta-feira a generalização da perseguição na Venezuela, que "não se limita a atores políticos", alargando-se a "profissionais, cidadãos e ativistas".

"A Venezuela enfrenta uma grave crise de desproteção do Estado, marcada por detenções arbitrárias e perseguição sistemática contra diferentes setores da sociedade. Até 19 de novembro de 2025, os nossos registos revelam um número significativo de pessoas privadas de liberdade por motivos políticos", começa por explicar a JEP num comunicado divulgado na rede social X.

A organização explica que "a amplitude dos perfis" dos detidos "evidencia que a perseguição não se limita a atores políticos, se estende a profissionais, cidadãos e ativistas, cujo trabalho os põe em situações de risco diante de processos irregulares, acusações infundadas e medidas que violam garantias judiciais básicas".

A JEP precisa que estão detidas 1.080 pessoas na Venezuela por motivos políticos, 177 delas mulheres e 903 homens. Entre os detidos, encontram-se 170 funcionários ativos de organismos de segurança do Estado, 11 ativistas, 224 representantes de organizações políticas, 35 antigos integrantes da segurança do Estado, 20 jornalistas e 14 sindicalistas.

"Há 145 pessoas das quais não se tem informação oficial sobre o seu paradeiro. Além disso, registamos 50 venezuelanos com dupla nacionalidade", especifica ainda a organização.

A JEP diz existirem "casos especialmente sensíveis, como a detenção de quatro adolescentes, cuja privação de liberdade por motivos políticos constitui uma violação particularmente grave".

"Também registamos pessoas com doenças graves, que permanecem detidas sem acesso adequado a cuidados médicos, expondo-as a um risco que pode comprometer a vida e integridade", explica ainda.

Segundo a JEP, "persistem situações em que o paradeiro das pessoas detidas não é informado oportunamente, impedindo o contacto com familiares e defensores e agravando a sua vulnerabilidade jurídica e pessoal".

"A nossa organização exige a libertação imediata e incondicional de todas as pessoas detidas por motivos políticos, o fim da perseguição, e a implementação de mecanismos independentes de supervisão e prestação de contas. Reiteramos também a urgência de garantir cuidados médicos adequados e medidas humanitárias para aqueles que enfrentam condições de saúde críticas", conclui a organização.