Espanha pede a Bruxelas posição "a favor" de europeus da flotilha
O Governo de Espanha pediu hoje à Comissão Europeia para tomar uma posição "a favor" dos europeus que estavam na flotilha humanitária que rumava a Gaza e que foram detidos por Israel.
O pedido foi dirigido pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, José Manuel Albares, à responsável pela diplomacia europeia, Kaja Kallas, numa conversa telefónica entre os dois, disseram fontes do Governo de Espanha, citadas pelos meios de comunicação social espanhóis.
Segundo o Governo de Espanha, 65 espanhóis integravam a Flotilha Global Sumud, sendo o país com maior número de cidadãos nos barcos travados por militares de Israel entre quarta-feira à noite e hoje de manhã.
As mesmas fontes do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) de Espanha disseram que Albares falou também hoje com o homólogo da Irlanda, Simon Harris, por causa da flotilha e que analisa a situação com outros países europeus, com o Brasil e com a Turquia.
O próprio ministro anunciou hoje ao início da manhã que chamou hoje a encarregada de negócios da embaixada israelita em Madrid por causa da detenção dos membros da flotilha para Gaza, sublinhando que estavam em águas internacionais, não representavam ameaça e não podem "acusados de nada".
"Não representavam qualquer ameaça, nem tinham qualquer intenção de hostilizar, de realizar qualquer tipo de ação ilegal e, portanto, entendo que não devem ser acusados de absolutamente nada", disse José Manuel Albares, em declarações à televisão pública RTVE.
"Não vou aceitar nenhuma acusação injusta e infundada contra eles", insistiu o ministro, que realçou que os membros da flotilha que pretendia chegar ao território palestiniano da Faixa de Gaza com ajuda humanitária exercia o direito de "passagem inocente" em águas internacionais e os espanhóis que iam nos barcos podem e devem regressar a Espanha imediatamente.
Israel não tem embaixador em Espanha desde maio de 2024, quando o governo liderado por Pedro Sánchez reconheceu o Estado da Palestina, e Dana Erlich é atualmente a máxima responsável pela representação diplomática.
Os primeiros barcos da flotilha saíram de Barcelona, Espanha, no final de agosto e aproximava-se de Gaza com quase 500 pessoas a bordo das embarcações que a integravam, quase todas detidas por Israel.
A flotilha pretendia romper o bloqueio do território palestiniano da Faixa de Gaza por parte de Israel e levar ajuda humanitária à população.
A guerra em curso em Gaza foi desencadeada pelos ataques a Israel, liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023, que causaram cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
A retaliação de Israel já provocou mais de 66 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
Israel também impôs um bloqueio à entrega de ajuda humanitária no enclave, onde cerca de 400 pessoas já morreram de desnutrição e fome, a maioria crianças.