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A Guerra Mundo

Amnistia Internacional defende plano de paz que rejeite ocupação ilegal por Israel

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A Amnistia Internacional defendeu hoje que um plano de paz para a faixa de Gaza tem de incluir o fim da "ocupação ilegal, do 'apartheid' e do genocídio" de palestinianos, de que acusou Israel.

A declaração da organização internacional de defesa dos direitos humanos, hoje divulgada em comunicado, é feita dois dias depois de os Estados Unidos tem apresentado um plano para um cessar-fogo imediato em Gaza, que prevê a retirada gradual do Exército israelita, a libertação total dos reféns em troca da libertação de centenas de prisioneiros palestinianos e o fornecimento de ajuda humanitária aos residentes de Gaza através das Nações Unidas.

A mesma proposta, apresentada pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e que conta com o apoio do Governo israelita, exige também o desarmamento completo do grupo islamita Hamas - que seria excluído da governação da Faixa de Gaza - e o estabelecimento de um governo de transição composto por tecnocratas palestinianos e especialistas internacionais supervisionados pelo designado Conselho da Paz.

"A prioridade mais urgente é pôr fim ao genocídio de Israel em Gaza e libertar todos os reféns civis. Qualquer iniciativa que vise garantir uma paz duradoura deve basear-se no direito internacional, defender os direitos humanos de todas as pessoas no Território Palestiniano Ocupado (TPO) e em Israel, e centrar-se no fim imediato da ocupação ilegal e do sistema de apartheid de Israel", afirmou a secretária-geral da Amnistia Internacional, Agnès Callamard, no comunicado.

"Os primeiros passos imediatos devem ser um cessar-fogo permanente, o levantamento incondicional do bloqueio ilegal de Israel para permitir o fornecimento seguro e sem obstáculos de ajuda humanitária e a libertação incondicional dos reféns detidos pelo Hamas e outros grupos armados, bem como dos detidos ilegalmente por Israel", considerou a responsável da organização.

"Independentemente de as partes em conflito concordarem ou não com qualquer plano de paz, os Estados devem agir, e agir agora, para pôr fim ao genocídio, conseguir um cessar-fogo, garantir a libertação dos reféns e permitir o acesso sem entraves aos suprimentos humanitários", acrescentou.

Segundo Agnès Callamard, "o fornecimento de ajuda humanitária e o fim do genocídio de Israel em Gaza não podem ser condicionados, como prevê este plano, à aceitação ou não da proposta pelo Hamas".

"Esta catástrofe, arquitetada por Israel e possibilitada pelo apoio dos EUA, deve finalmente terminar, haja ou não um acordo", sublinhou, defendendo também que a libertação de reféns civis e de palestinianos detidos arbitrariamente deve ser incondicional.

"Tanto Israel como o Hamas devem parar com a prática ilegal de reter os corpos dos mortos dos familiares", disse a secretária-geral da organização, para quem é "vital que qualquer acordo leve a justiça para as vítimas de genocídio, crimes de guerra ou crimes contra a humanidade".

A proposta apresentada está a ser estudada pelo Hamas, segundo garantiram responsáveis do movimento, ao qual Donald Trump deu na terça-feira "três ou quatro dias" para responder.

"Caso o Hamas rejeite esta proposta, Israel e os Estados Unidos continuam vinculados ao direito internacional, tal como o Hamas, e não devem envolver-se em atos que visem civis ou neguem ajuda vital à população civil", avisou a Amnistia Internacional.

A organização pediu também aos outros Estados que cumpram as suas obrigações ao abrigo do direito internacional e ponham "fim à sua inércia autoimposta e ao seu apoio ativo ou tácito às violações do direito internacional por parte de Israel".