Comissão de inquérito aos incêndios marca audições para quinta-feira
A dissolução da Assembleia Legislativa da Madeira, que deverá acontecer dentro de dias, implica a extinção de todas as comissões, incluindo as de inquérito. No entanto, a comissão que pretende apurar responsabilidades nos incêndios de Agosto passado vai prosseguir as audições, na próxima quinta-feira.
A reunião desta tarde da comissão presidida por Sancha Campanella (PS) foi rápida, mas não foi por isso que deixou de ser tensa.
A presidente da comissão fez uma intervenção inicial em que lamentou que os trabalhos da comissão tivessem sido interrompidos, durante duas semanas, por decisão de PSD, CDS e CH, enquanto não era conhecida a decisão de Marcelo Rebelo de Sousa sobre a dissolução do parlamento regional. "Até à dissolução, a comissão continua na plenitude das suas competências", recordou a deputada do PS.
Sancha Campanella acredita que, se não fosse a interrupção, seria possível concluir as audições. Recorde-se que ainda falta ouvir algumas personalidades indicadas pelo PSD.
Nas 15 reuniões realizadas, foram ouvidas 11 pessoas e recebidos documentos de diversas entidades. Por isso, Sancha Campanella e os deputados do PS e JPP, Marta Freitas e Rafael Nunes, entendiam que poderia ser elaborado um relatório parcial. Algo que foi rejeitado por PSD, CDS e CH por considerarem que não seria justo apresentar um relatório sem serem concluídos os trabalhos.
Cláudia Perestrelo, do PSD, acusou Sancha Campanella de não ser imparcial na condução dos trabalhos e apenas pretender fazer valer a vontade do PS. A deputada social-democrata lembrou que a comissão tinha 180 dias para os trabalhos e ainda mais tempo para o relatório que teria de ser apresentado no plenário da Assembleia. Algo impossível que realizar uma vez que o parlamento será dissolvido.
Joana Silva, relatora da comissão, não aceita a elaboração de um relatório parcial porque várias pessoas ficaram por ouvir.
Hugo Nunes (CH) acusou a presidente da comissão de estar a "enganar os madeirenses" porque sabe que nunca seria possível concluir os trabalhos.
Marta Freitas (PS) apresentou um requerimento para que fosse elaborado um relatório que foi rejeitado por PSD, CH e CDS.
"O PS já pode emitir o comunicado", afirmou Nuno Maciel que acusou a presidente da comissão, Sancha Campanella de "noutra qualidade" se recusar a vir ao parlamento. Em causa estará a audição sobre o ISAL que está pro marcar há mais de três meses.
Por proposta da presidente foi aprovada a continuação das audições, na próxima quinta-feira, embora seja certo que a comissão nunca irá terminar os trabalhos.