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Subdesenvolvimento

O subdesenvolvimento expõe no interior da Região Autónoma da Madeira partes profundamente desiguais, lugares de extremas necessidades que ficam à margem, em enclaves sociais. Estes abismos sociais demonstram como tem imperado um sistema enraizado na grande desigualdade social entre os mais ricos e os mais pobres. Essa cisão entre os lugares da abundância e os lugares da luta pela sobrevivência formam periferias e cristalizam zonas ultraperiféricas dentro destas ilhas.

Nesta Região, apesar dos vistosos investimentos da União Europeia, a infraestrutura destinada ao atendimento da população das zonas ultraperiféricas é insuficiente. Isso resulta em crescentes diferenças sociais inocultáveis na crise habitacional, na falta de esgotos, nas desigualdades no acesso ao serviço médico-hospitalar e nas condições para o sucesso escolar. Assim, o povo das ultraperiferias sociais nem às migalhas do investimento tem direito. E, sobretudo, em consequência dos mais baixos salários do País e das mais baixas pensões e reformas esse povo tem menos chances de melhorar sua condição social.

O subdesenvolvimento na Madeira e no Porto Santo é o produto da má utilização dos recursos públicos e de um injusto investimento, assente numa errada definição de prioridades. O investimento dual, em que para quem é da “Madeira resort” tem acesso a tudo e quem é da “Madeira gueto” nem as sobras recebe, cria condições promotoras do subdesenvolvimento.

É esta responsabilização que tem de ser imputada aos partidos do governo, PSD e CDS, com o apoio do PAN, que apoiaram políticas de desigualdade de forma a não conduzir à coesão econômica e a impedir as mudanças sociais indispensáveis ao processo da integração dos lugares ultraperiféricos dentro de um sistema de desenvolvimento humano integral.

Neste quadro, importa destacar o erro dos partidos do governo que tardam em perceber que os principais obstáculos à passagem da simples modernização ao desenvolvimento cimentam-se na esfera social. O avanço na acumulação de riqueza por parte de alguns e determinado investimento público não produziu transformações nas estruturas sociais capazes de modificar significativamente a distribuição da renda e a superação das desigualdades sociais.

Aliás, esta Região Autónoma é uma das mais evidentes demonstrações de como crescimento econômico e desenvolvimento não são conceitos sinônimos. O crescimento econômico pode ocorrer nalguns sectores, sem que o subdesenvolvimento seja superado.

Já é tempo de romper de vez com o subdesenvolvimento.