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O novo governo da Aliança Democrática (AD)promete não ficar de “braços cruzados” perante o “estado lastimável” da saúde em Portugal. A AD quer revolucionar a saúde em 60 dias, após a tomada de posse, e motivar os profissionais do sector. Estamos de acordo! Mas, não fala em aumentos salariais e, no seu programa, não há uma fase sobre a matéria. Ou seja, advinha-se que a tal motivação prometida acabará por ser mais do mesmo… reforço das horas extraordinárias com o consequente desgaste físico e mental dos profissionais de saúde. As 25 propostas estruturais apresentadas como base para mudar o funcionamento da saúde no nosso país, cheira-me apenas a um rol de boas intenções mas que na prática, esquece o fundamental que é a valorização das carreiras profissionais de saúde. Mantendo este rumo, dificilmente o sector será atraente para novos médicos e a fuga de profissionais para o Estrangeiro irá manter-se ou até aumentar.

E não é por falta de dinheiro. Nos últimos anos, o orçamento para a saúde aumentou cerca de 70%. O problema do Sistema Nacional de Saúde está na forma como esse dinheiro é (mal) aplicado. A solução tem um caminho que se chama reorganização do SNS, através de uma profunda reforma estrutural.

Interessante será também saber, o que será feito ou para que vai servir, a direção executiva do SNS, criada à pressa e cheia de trapalhadas. Assim como também é necessário explicar como irá funcionar o recurso aos privados e sector social.

Não basta afirmar que há condições e pessoas para colocar Portugal entre os dez países mais desenvolvidos no que diz respeito aos indicadores da OCDE até 2040, se os profissionais de saúde não se sentirem motivados quer profissionalmente quer financeiramente.

O programa da AD para a saúde contou com um manifesto de apoio subscrito por mais de cem profissionais de saúde. Não são muitos, mas é um sinal para a nova Ministra da Saúde. Só com diálogo e a colaboração de todos será possível chegar a bom porto e resgatar um Serviço Nacional de Saúde que foi, durante décadas, um pilar fundamental para o Estado Social.