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Bahamas intercepta mais 107 migrantes haitianos elevando total para 370 nos últimos dias

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Foto Arquivo

As autoridades das Bahamas intercetaram mais um barco com um grupo de 108 migrantes haitianos, elevando para mais de 370 o total de detidos na região por aquele país, devido ao aumento da violência no Haiti.

A Força Real da Defesa das Bahamas (RBDF, na sigla em inglês) adiantou que o barco foi intercetado hoje em águas próximas a Matthew Town, Inagua, com 89 homens, 17 mulheres e uma criança a bordo.

O comandante da RBDF, Raymond King, realçou em conferência de imprensa que "em quatro dias ocorreram quatro interceções" nas águas das Bahamas e das vizinhas Ilhas Turcas e Caicos.

A primeira, de um navio que tinha a bordo cerca de 65 cidadãos haitianos, foi realizada pela Guarda Costeira dos Estados Unidos em 07 de março, em águas internacionais ao norte do Haiti, mas entre o sudeste das Bahamas e as Ilhas Turcas e Caicos.

King especificou que a segunda operação - com 60 migrantes detidos - foi realizada por patrulhas das Ilhas Turcas e Caicos, que também participaram com a RBDF na terceira intervenção, onde foram intercetadas 140 pessoas na segunda-feira, incluindo 119 homens, 17 mulheres e quatro menores.

Com o principal aeroporto do Haiti encerrado devido ao aumento da violência e da instabilidade no país, as repatriações não podem ocorrer como de costume.

King lembrou também que as Bahamas estão a analisar a possibilidade de usar um navio da RBDF para transportar migrantes detidos de volta ao Haiti, uma vez processados.

A RBDF anunciou no início deste ano o aumento da vigilância no sul das Bahamas.

"Foi estabelecido o bloqueio marítimo, para neutralizar qualquer influxo ou movimento massivo de imigrantes do Haiti", referiu o comandante.

Sem eleições desde 2016, o Haiti não tem atualmente nem um parlamento nem um presidente e o primeiro-ministro, Ariel Henry - que se encontra no Quénia sem conseguir regressar a Port-au-Prince -- já anunciou que renuncia ao cargo assim que for criado um conselho de transição.

O último chefe de Estado, Jovenel Moïse, foi assassinado em 2021.

A vaga de violência causada por bandos armados aumentou quando a 28 de fevereiro se soube que Henry, que devia ter deixado o poder em 07 de fevereiro, nos termos de um acordo de 2022, se tinha comprometido a realizar eleições no Haiti apenas em 2025.

O chefe do Programa Alimentar Mundial (PAM) no Haiti, Jean-Martin Bauer, alertou em comunicado na terça-feira que o país está a passar por "uma das crises alimentares mais graves do mundo - 1,4 milhão de haitianos estão a dois dedos da fome".

Segundo a Organização Internacional para as Migrações, 362 mil pessoas estão atualmente deslocadas no Haiti, um número que aumentou 15% desde o início do ano.