O Chega é racista

A tentativa de normalizar o Chega continua a ser feita diariamente nas televisões, nos jornais, nas rádios… onde comentadores procuram convencer as pessoas que o Chega não é assim tão racista, não é assim tão homofóbico, não é assim tão machista… Enfim, um esforço concertado e muito perigoso para legitimar um partido que defende abertamente a castração química, que ataca os imigrantes, que está contra a generalidade das prestações sociais, que quer acabar com uma série de apoios que visam combater a desigualdade entre homens e mulheres, como por exemplo o direito à licença parental, o combate à violência doméstica ou à discriminação sexual.

Este branqueamento que está a ser feito, obedece a uma estratégia global que procura legitimar o extremismo como sendo um novo normal, apontando exemplos de outros países onde a extrema-direita chegou ao poder e a democracia continuou a funcionar.

Nada mais errado.

É verdade que existem democracias consolidadas como a francesa, a alemã ou a italiana, que têm conseguido conviver com estes fenómenos extremistas e populistas sem grandes convulsões, mas não é menos verdade que o impacto da ascensão destes partidos em democracias mais jovens como é o caso da portuguesa, tem efeitos disruptivos e penalizadores ao nível social, político, económico e diplomático. Veja-se o caso da Hungria do senhor Órban, praticamente isolada internacionalmente e alvo de repetidas queixas da parte dos nossos parceiros europeus e da NATO.

No caso do Chega de Ventura, de quem não se conhece um projeto para o país, a mensagem assenta na divisão de portugueses. Há os bons e os maus. Os que nasceram cá e os outros. Os Que são heterossexuais e os que ‘não querem’ ser. Os que trabalham e os que vivem à custa de subsídios. Os corruptos (todos os políticos, com exceção dos do Chega, claro) e os honestos. Os que pagam impostos e os que vivem à custa dos impostos. Uma polarização da sociedade, que quebra o país a meio, e que só tem um objetivo: chegar ao poder, a qualquer preço.

Um discurso que, embora venha vindo a ser polido de forma a seduzir eleitores mais ao centro, nada tem de inclusivo ou agregador. É sim, e continua a ser, xenófobo, demagogo, homofóbico e machista. O Chega é isto. E isto, não tem nada de normal, nem é 'normalizável'.

Luís Santos