“Podem até prender meu corpo, mas jamais meu pensamento“

Pertenço a uma geração que viu nascer o 25 de Abril.

Foram décadas de fascismo num país onde ser pobre, analfabeto e ignorante era dado como bom. Assim, era muito mais fácil governar.

O 25 de Abril não foi só slogans, mas a esperança de um país novo onde se poderia viver bem, com riqueza, liberdade, saúde, educação e pluralidade.

Volvidas outras tantas décadas, hoje, no séc. XXI, o dinheiro, a ascensão social, as negociatas políticas, o tráfico de influências, a corrupção generalizada, a falta de escrúpulos dos políticos que elegemos são o “pão nosso de cada dia “e conduziram o país e a região ao caos.

Estamos num mundo difícil com discursos populistas, fáceis de transmitir nas redes sociais, mas muito afastados de acreditar em valores. Continua a intolerância para quem pensar diferente, questionar ou reflectir. Há uma obscena falta de respeito pelas pessoas. Há na política, e não só, muita gente sem vergonha, que utiliza ostensivamente a mentira deturpando a verdade, para conseguir plantar demagogia em multidões de mentes acríticas.

Não há verdades absolutas, mas a verdade em qualquer contexto da nossa vida, em interacção com os outros, deve ser valorizada. E muito.

“Qualquer cidadão com sentido de responsabilidade deve exercer a sua cidadania para que se corrija algo que julga incorrecto e injustificável. “(Art.° 11 Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia).

A liberdade de expressão é intocável e o livre pensamento tem de poder concretizar-se em palavras. Sem liberdade de imprensa e o direito a informar e ser informado devidamente salvaguardados não há Comunicação Social nem Democracia saudáveis. Uma comunicação independente é um dos pilares estruturantes dos regimes democráticos. O jornalismo é tão relevante para a saúde da Democracia como a água é para a vida. O jornalismo não pode “jorrar “inquinado pelos interesses privados detentores das empresas que têm parte no seu financiamento.

É ilegal a tentativa de pressão sobre os jornalistas (difícil de provar, mas fácil de adivinhar). Apesar de tudo não há espada opressora que consiga vencer uma caneta que liberta.

A teimosia e a vaidade pessoal são bastas vezes nefastas. A memória e a experiência podem evitar a repetição de erros.

Quem exerce cargos públicos e utiliza os recursos do Estado para perseguir quem os denuncia preconiza um acto de censura oficial.

Mas há muitas outras formas de censura. Eu que o diga.

Madalena Castro