Saúde não é tudo, mas tudo é nada sem saúde

Creio que no decurso da nossa vida nada acontece por acaso, e as pessoas que cruzam nosso caminho não aparecem sem um propósito.

Da mesma forma que batemos de frente com indivíduos que nada nos acrescentam, nas mais diversas circunstâncias e nos momentos mais inesperados, na hora certa, no momento exacto, outros, quais seres vestidos de luz, interrompem e alteram a nossa rota e conduzem-nos na direcção certa.

Agradeço encarecidamente o profissionalismo, a competência, a empatia e a intervenção/actuação da brigada da EMIR destacada no Porto Santo em exercício de funções nos primeiros dias de Julho (3-4-5) do ano em curso, pela pronta assistência e cuidados prestados a um doente, meu familiar, em situação de emergência médica, depois de ter recorrido três vezes ao serviço de urgência no Centro de Saúde local. Desconheço os seus nomes, mas isso não é relevante, pois tenho a certeza de que o seu desempenho profissional evitou que se perdesse uma vida.

A nossa saúde é o nosso bem maior e não pode estar à mercê de falta de recursos físicos e materiais ou de qualquer tipo de negligência, seja da nossa parte ou da parte de quem tem (deveria ter) nas mãos, por motivos óbvios, o poder e a forma de a preservar.

Compreenderia determinadas atitudes se houvesse falta de recursos humanos. Não é o caso.

Não posso aceitar de ânimo leve que um “médico de família”, na verdadeira acepção do conceito, não tenha assistido em consulta de rotina um seu doente durante quatro anos consecutivos, mesmo tendo em conta as contingências da Covid.

Não aceito que se prescreva análises e exames complementares de diagnóstico e, passados quase três anos, não tenha havido disponibilidade para conhecer os respectivos resultados. Caricato? Anedótico? Triste, digo eu. Porque foi comigo raramente há vagas para consulta e, quando se consegue agendar alguma, sistematicamente é cancelada. Será por razões muito válidas, presumo.

Não aceito que, numa consulta de urgência a um doente em estado muito fragilizado, a médica de serviço se preste a uma lição de culinária com muita ironia à mistura, num insulto à minha inteligência.

Não aceito ser atendida com rispidez nem displicência por profissionais de saúde que usam a Educação no bolso da bata.

Há que ter consciência e humildade de reconhecer as nossas limitações. Não sabemos tudo, ninguém sabe tudo.

Há que reconhecer e pedir a colaboração de quem nos pode ajudar, em tempo útil.

Se é na prevenção que está o ganho na nossa saúde, então alguma coisa está a falhar. Quantas doenças seriam debeladas se diagnosticadas e curadas atempadamente!

Quantos casos de difícil resolução se teriam evitado?

Não me cabe julgar pessoas, mas tenho de condenar procedimentos.

Sinto um amargo no estômago, vá-se lá saber porquê...

Cada um que tire as conclusões que entender.

Madalena Castro