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Portugueses no top-3 dos melhores do mundo em conhecimentos de cibersegurança

Foto Shutterstock
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"Segundo uma nova pesquisa realizada pela companhia de cibersegurança NordVPN, os portugueses são os terceiros melhores do mundo em termos de conhecimento de privacidade online e cibersegurança", anuncia um comunicado enviado esta quarta-feira, tendo obtido "a sua melhor pontuação no reconhecimento de diversos perigos online e como os evitar (74%) e a pior em questões relacionadas com comportamentos e ferramentas de segurança online (51%)".

Baseado no National Privacy Test (NPT), "um inquérito global anual que pretende avaliar o conhecimento de cibersegurança e privacidade online dos inquiridos e educar o público sobre ameaças cibernéticas e a importância da segurança de dados e informação na era digital", o estudo desde ano reuniu 26.174 respostas em 175 países.

"Com o National Privacy Test, pretendemos cultivar uma comunidade de indivíduos que se preocupam com a sua privacidade e defendem ativamente a proteção de dados. Esta iniciativa alinha-se com o nosso objetivo de construir uma paisagem digital mais segura e resiliente no presente e no futuro", refere Marijus Briedis, director de tecnologia (CTO) da NordVPN, citado no comunicado.

Entre os países no top-3 com mais conhecimento sobre cibersegurança e privacidade na Internet estão Polónia e Singapura (64/100), Alemanha e Estados Unidos (63/100) e Reino Unido, Áustria, e Portugal (62/100). "Contudo, os resultados do inquérito mostram que o conhecimento global de cibersegurança e privacidade online se encontra em declínio", sinaliza.

"Com a crescente complexidade das ameaças digitais, não é de surpreender que o conhecimento mundial de cibersegurança e privacidade online se encontre em declínio. Paradoxalmente, os resultados ficam pior ano após ano apesar de existirem cada vez mais soluções de segurança. Educar utilizadores sobre os potenciais riscos e as melhores práticas para os contrariar deve ser uma prioridade," diz Marijus Briedis.

Refere o artigo que "a pesquisa revela que os portugueses são bons a criar palavras-passe fortes (98%) e que conhecem os riscos de guardar informações relativas a cartões de crédito no navegador (93%). Também sabem como lidar com ofertas suspeitas de serviços de streaming (92%) ou que informação sensível devem evitar partilhar nas redes sociais (91%)". Mas, acrescenta: "Contudo, apenas 3% dos portugueses conhecem ferramentas online que protegem a privacidade digital, e apenas 1 em cada 10 sabe quais são as informações que os provedores de Internet (ISPs) coletam como parte de metadados. Parece que o episódio 'Joan is Awful' da série da Netflix Black Mirror, não teve o efeito pretendido — apenas um terço dos portugueses está a par da importância de ler os termos de serviços de aplicações e serviços online."

Acresce que "os participantes portugueses podiam ter tido melhor desempenho em várias perguntas", realça, pois "quando questionados se o Facebook pode colectar dados de não-utilizadores, os portugueses obtiveram uma pontuação abaixo da média global. Entre os portugueses, 15% destacam-se como Cyber Tourists (sabem algumas coisas sobre cibersegurança e privacidade online), enquanto 15% obtiveram 75 a 100 pontos e foram identificados como Cyber Stars".

Mudança para pior nos resultados de Portugal desde 2021

"Este ano, em comparação com 2021, mais participantes portugueses sabem como lidar com ataques de 'phishing' (52% em 2021 vs. 63% em 2023)", revela. "Ainda que o resultado de Portugal no NPT seja de 62% e o país se encontre no top-3 global, os resultados estão a ficar piores. Afinal, Portugal obteve uma pontuação de 68% no NPT em 2021", acrescenta.

Franceses e espanhóis são fracos em privacidade

"No que toca a outros países europeus, a França tem a terceira pior pontuação relativamente à consciencialização de privacidade e uma das piores pontuações relativamente à vida digital diária", aponta o estudo. "A sua pontuação total no NPT é de 59% e inferior à de Portugal (62%). Os participantes alemães têm a segunda-melhor pontuação do NPT (63%) e partilham o segundo lugar do pódio com os Estados Unidos. É importante acrescentar que os alemães estão altamente cientes dos vários problemas de privacidade digital e contam com a segunda melhor pontuação em consciencialização de privacidade juntamente com a Finlândia".

Já no sentido oposto, "os espanhóis não tiveram um desempenho tão bom e obtiveram algumas das piores pontuações ao nível da consciencialização de privacidade e outras ameaças digitais. Os espanhóis, tal como os italianos, precisam de aprender mais sobre os problemas de privacidade e segurança em dispositivos conectados", garante.

Conhecimento global de privacidade na Internet está a decrescer

Por fim, revela que a "pontuação global do NPT chegou aos 61% este ano, o que revela um declínio no conhecimento de cibersegurança e privacidade online em todo o mundo relativamente a 2022 (64%) e 2021 (66%)".

Estas são algumas das principais conclusões-chave globais:

  • Pessoas entre os 30 e os 54 anos têm as melhores aptidões de cibersegurança, sendo que a maioria das Cyber Stars se encontram nesta faixa etária.
  • Para além do setor das tecnologias de informação, os inquiridos das áreas do Governo e finanças obtiveram pontuações NPT ligeiramente superiores às dos restantes.
  • As pessoas continuam a subvalorizar a importância de ler os termos de serviço. Ainda assim, esta métrica está a melhorar mais rapidamente do que outras.

"Acho que existem algumas razões para o declínio global do conhecimento de cibersegurança. A primeira e mais importante é possivelmente o volume de atividades online e interações digitais nas quais as pessoas se envolvem diariamente. A nossa pesquisa anterior mostrou que os portugueses passam mais de 30 anos da sua vida online. Em segundo lugar, à medida que a tecnologia continua a avançar, os cibercriminosos também adaptam as suas táticas, o que faz com que seja difícil para o utilizador comum ficar a par. Além disso, a ideia errada de que a cibersegurança é da exclusiva responsabilidade dos provedores de serviços continua a ser comum," diz Briedis, citado sobre a temática.

Privacidade e segurança online podem ser melhoradas

Para comemorar o Dia Internacional da VPN, que se assinala a 19 de Agosto, na qual se celebra o direito das pessoas à privacidade digital, segurança e liberdade, o responsável da NordVPN, aponta a uma lista de passos que as pessoas devem seguir por forma a aumentar a privacidade e segurança da sua presença online.

E são estes os passos:

  • Criar palavras-passe fortes e únicas. Crie palavras-passe fortes para cada uma das suas contas online e evitar usar a mesma palavra-passe em diferentes plataformas.
  • Usar autenticação de múltiplos fatores (MFA). A implementação da autenticação de múltiplos fatores adiciona uma camada extra de segurança por obrigar os utilizadores a providenciar verificação adicional, tal como um código único enviado para o telemóvel, em conjunto com a sua palavra-passe.
  • Atualizar o software com regularidade. Manter o software, sistemas operativos, e aplicações em dia é crucial para lidar com vulnerabilidades conhecidas. Atualizações regulares asseguram que os patches de segurança são aplicados rapidamente, reduzindo o risco de exploração por parte de cibercriminosos.
  • Usar sempre uma rede virtual privada (VPN). Uma VPN encripta a sua conexão à Internet e ajuda a proteger as suas informações privadas de bisbilhoteiros. É especialmente crucial para aceder a redes de Wi-Fi públicas em segurança.
  • Analisar e ajustar as definições de privacidade nas redes sociais, apps móveis, e outros serviços online. Limitar o acesso a dados pessoais e optar pelo número mínimo de permissões pode ajudar a proteger a sua privacidade.