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ONG exigem a liberdade de ativista venezuelano detido há dois anos

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Várias organizações não-governamentais (ONG) da Venezuela pediram no domingo a libertação do ativista e diretor da Fundaredes, Javier Tarazona, detido há dois anos e acusado de terrorismo, incitação ao ódio e traição à pátria.

"O ativista dos direitos humanos está a completar hoje [domingo] dois anos de detenção injusta: dois anos de perseguição, dois anos de detenção arbitrária, dois anos de discriminação", afirmou a Amnistia Internacional numa mensagem publicada na rede social Twitter, na qual pediu a "libertação imediata e incondicional de Javier Tarazona".

A Coligação Pelos Direitos Humanos e a Democracia também usou o Twitter para exigir a libertação do ativista.

"Javier Tarazona, professor universitário, investigador e ativista dos direitos humanos, está preso injustamente desde 02 de julho de 2021. Hoje [domingo] conta 730 dias de detenção arbitrária. A defesa dos direitos humanos não é um delito", escreveu a ONG na rede social.

A mesma organização denunciou a violação "de maneira constante" na Venezuela dos procedimentos legais, sublinhando que "os presos políticos merecem justiça e respeito pelos seus direitos".

"Toda a pessoa tem o direito a ser escutada publicamente perante um juiz ou tribunal imparcial", defendeu a ONG.

A organização Justiça, Encontro e Perdão também denunciou que Tarazona "é vítima de um padrão de perseguição política à dissidência", padrão esse que o mantém privado de liberdade "pelo simples facto de ser um ativista dos direitos humanos".

"O seu estado de saúde piora dia a dia e não recebe a atenção médica que necessita", referiu esta ONG.

Já o Observatório de Direitos Humanos da Universidade de Los Andes denunciou que Tarazona tem sido vítima de tortura e de tratos "cruéis e desumanos".

"Lamentavelmente chegámos aos dois anos de arbitrariedades, de torturas, de tratos cruéis e desumanos para Javier, para a sua família, e para a equipa da Fundaredes", reforçou o Centro de Justiça e Paz (Cepaz), frisando que a detenção arbitrária de Tarazona "mostra a criminalização da defesa dos direitos humanos na Venezuela".

O 2.º aniversário da detenção do ativista foi também assinalado pela sua ONG, a Fundaredes, que realizou uma missa e lançou, pelas redes sociais, o documentário "Javier Tarazona: de defensor a vítima, as duas caras de uma realidade".

Também a delegação da União Europeia (UE) na Venezuela se referiu ao aniversário da detenção do ativista, recordando "as pessoas que se encontram submetidas a detenções arbitrárias na Venezuela".

Segundo a imprensa venezuelana, Javier Tarazona foi detido em 02 de julho de 2021 depois de ter ido aos escritórios do Ministério Público em Falcón (noroeste) para denunciar que era vítima de perseguição e assédio, nomeadamente por parte de funcionários da polícia local e do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin, serviços de informação).

Ainda segundo a imprensa local, era também alvo de intimidações, estigmatizações e represálias com o objetivo de criminalizar e ilegalizar o seu trabalho, que tinha como propósito a defesa dos direitos humanos de venezuelanos em zonas fronteiriças com a Colômbia, que eram vítimas de invasões de propriedade, sequestro, extorsão, violência física, sexual e psicológica.

Segundo dados citados pelas agências internacionais, 286 pessoas estão detidas na Venezuela por motivos políticos, 266 homens e 20 mulheres, dos quais 132 são civis e 154 militares.