Extrema direita, a boa e a má

António Costa (AC) aproveitou a viagem oficial à Moldova e fez um desvio que não constava na agenda oficial até à Hungria para assistir à final da Liga Europa na companhia do primeiro ministro húngaro Viktor Orban (VO) líder do partido nacionalista de extrema direita (ED) Fidesz. Por “mero acaso” a visita coincidiu com o aniversário de VO e o tal abraço que AC iria dar a Mourinho deve ter sido dado a VO juntamente com os votos de parabéns e feliz aniversário. VO é um autocrata que apoia Putin e a invasão da Ucrânia, tendo vindo a implementar na Hungria políticas governativas de índole racista, xenófoba e homofóbica que violam a legislação da UE, não se coibindo de fazer afirmações de teor nazi como em 2022 numa visita à Roménia onde afirmou que a “Hungria era étnica e racialmente pura” tendo atacado os restantes países da UE que promovem políticas contra a discriminação racial, a homofobia e a xenofobia. André Ventura (AV), apesar das palhaçadas fascistóides, é ainda um aprendiz no que toca aos dislates racistas e xenófobos de VO que cerceou a liberdade dos media ao nacionalizá-los pondo em causa o respeito pela democracia e a liberdade na Hungria. Pelo menos AV foi eleito no nosso regime livre e democrático. AC sentiu-se profundamente incomodado por ter sido “apanhado” a transpor as “linhas vermelhas” (LV) que ele e o PS tanto proclamam no que à ED portuguesa diz respeito e procurou justificá-lo alegando as “relações de trabalho” com qualquer político autocrata ou não. Mas afinal a viagem foi de trabalho ou para ver a bola? Ao considerar que as violações dos direitos devem ser abordadas como previsto nos tratados e não servir para penalizar, neste caso a Hungria, na distribuição de fundos europeus, AC está a incentivar VO a continuar com essas violações pois na prática não lhe acarretarão penalizações efectivas. Para AC e o PS só a ED portuguesa é que é má, a que existe lá fora essa é a boa e não sujeita a LV.

Leitor identificado