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Doações internacionais para ajuda humanitária na Venezuela caem 25%

Foto Shutterstock
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As doações internacionais para ajuda humanitária na Venezuela caíram 25% no primeiro semestre do ano, em termos homólogos, informou quarta-feira o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA).

"Até 30 de junho, os doadores contribuíram com 104 milhões de dólares (...), enquanto o Plano de Resposta Humanitária (PRH) recebeu 14% do financiamento total necessário. Este valor é inferior à média global de 20% para os PRH e representa três quartos do financiamento recebido na Venezuela até meados de 2022", explica o relatório "Venezuela: Financiamento da resposta humanitária, janeiro -- junho de 2023".

Segundo o documento, "no geral, e após vários anos de crescimento, o financiamento para a Venezuela tem vindo a diminuir desde 2022, com uma redução de 10% entre 2021 e 2022 e com novas reduções previstas para 2023. A nível mundial, o financiamento atual coloca a Venezuela como o segundo país com a resposta humanitária mais subfinanciada".

"Durante 2023, 13 países reportaram contribuições, 67% das quais provenientes de dois doadores. A dependência de um número reduzido de doadores torna a resposta mais vulnerável a possíveis alterações por parte dos países contribuintes", explica.

O documento nota ainda que "a falta de financiamento poderá deixar milhões de venezuelanos com necessidades críticas em áreas prioritárias fundamentais", sendo que "as lacunas atuais limitam a capacidade de fornecer vacinas e expandir os programas de imunização, deixando as crianças com menos de cinco anos em risco de sofrer surtos de doenças transmissíveis".

Além disso, a organização prevê que a queda das doações "diminua os serviços de saúde sexual e reprodutiva para cerca de 700.000 mulheres e adolescentes, essenciais para reduzir as taxas de mortalidade materna e infantil", sublinha.

Segundo o OCHA "o apoio a professores e estudantes será afetado, incluindo uma redução dos programas de alimentação escolar", uma situação que "terá um impacto no acesso a um ensino de qualidade para 1,4 milhões de crianças".

"É urgente aumentar o financiamento para abordar as necessidades críticas na Venezuela. Isso ajudaria a reduzir o número de pessoas que procuram oportunidades fora do país e poderia também facilitar o regresso voluntário e a reintegração", sublinha.

Segundo o relatório, os principais doadores de financiamento humanitário na Venezuela são os Estados Unidos, a Comissão Europeia, Suécia, França, Canadá, Alemanha, Noruega e Suíça.

 Nos últimos anos mais de sete milhões de venezuelanos abandonaram o país, fugindo da crise política, económica e social local, de acordo com a Plataforma de Coordenação Interagências da ONU para Refugiados e Migrantes da Venezuela (R4V).

A crise política, económica e social na Venezuela agravou-se desde janeiro de 2019, quando o líder da Assembleia Nacional, o opositor Juan Guaidó, se autoproclamou chefe de Estado interino até afastar o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, do poder, convocar um governo de transição e eleições livres e democráticas no país.

Em finais de dezembro de 2022, com os votos de 72 deputados opositores, cinco abstenções e 32 votos contra, a oposição venezuelana decidiu pôr fim ao "Governo interino" de Juan Guaidó.