Cada pessoa tem o que dá e vale o que faz

Mesmo que, sistematicamente, tropecemos em situações desagradáveis, inusitadas e ruins, continua a haver pessoas boas.

Gente honesta, sincera, amável, sensível e respeitosa. Gente que se afasta da amargura, do egoísmo, da hipocrisia e da soberba. É esta gente que ainda nos faz acreditar que a humanidade não está completamente perdida...

Inevitavelmente, pelas mais diversas razões, os verdadeiros valores têm vindo a ser subvertidos e absorvidos em larga medida, nos dias que correm, pela desonestidade, falta de respeito, insensibilidade e falsidade.

É impressionante como as pessoas são julgadas por serem reais e como são “bem vistas” por serem cínicas e falsas, as que fazem tanto como a cigarra e têm o nariz em direcção ao tecto.

Por norma, e pelo meu código de conduta pessoal, não alinho em generalizações susceptíveis de alguma injustiça, pois entendo que é de crucial importância saber separar o trigo do joio. Respeito, mas não corro atrás de comentadores ou fazedores de opinião, sobre o que quer que seja e procuro, na medida das minhas possibilidades e faculdades mentais, usar o meu cérebro, que é como quem diz, pensar pela minha própria cabeça. Por isso, causa-me alguma estranheza e apreensão observar como tanta gente que penso conhecer, até com formação académica superior, se deixa embalar por “cânticos de sereia”...

Sei que vivemos em constante fingimento, o palco ideal para desfile dos dissimulados/as, providos de ego e mau carácter inabaláveis mas com aparência de bondosos. Há um abismo que separa a realidade da aparência. Estou certa que mais tarde ou mais cedo o fingimento cairá por terra, nem que seja vencido pelo cansaço.

Há por aí muitas vozes, mas só ouvimos o silêncio. O silêncio e a ausência de indignação social, a profunda indiferença de uma sociedade/povo que vê a desigualdade com que são tratados os ricos e os pobres pelos sistemas de Saúde, Justiça e Educação são reveladores de uma hipnose colectiva que a faz abdicar da luta pela reivindicação dos seus direitos mais elementares. À nossa volta a política é exercida em função do embrulho em detrimento da substância, e a agenda mediática é centrada na espuma.

Não é a mesma coisa fazer um “cardápio “sobre os problemas e anseios dos locais ou limitá-los a momentos de exaltação dos projectos já concretizados ou em vias de concretização, ou a visitas e iniciativas a entidades que parecem mediaticamente atractivas.

Hábitos de promiscuidade com amigos e familiares na vida política são avessos à gestão eficaz das empresas públicas e não só. Não se pode aceitar a irresponsabilidade e incompetência geradoras de caos, só porque um mundo de “mentes iluminadas” cresceu a pensar que tudo é seu e tudo pode (ainda que provisoriamente) e que todos os outros devem reconhecer-lhes os “génios “que exibem.

Sou e serei sempre defensora das minorias, das diferenças, dos excluídos, pois é esse o meu lado da trincheira, desvinculada de qualquer tipo de ideologia. Não tenho medo de ser “excluída “ou “bloqueada” por emitir a minha opinião. Aos que se sentirem incomodados e aos bajuladores gratuitos das redes sociais eu lembro que a liberdade de expressão é o alicerce onde assenta a nossa civilização. Mais. “Cada pessoa tem o que dá e vale o que faz”.

Madalena Castro