Ser Maré

Descrevo o meu mundo cercado por ilusões, mas a minha visão não tem espaço, porque tenho a liberdade de estar num patamar intocável, sempre com a proteção das cores, ou seja, o que me resta na minha alma.

Sei que não faço parte do que me rodeia, porque viajo no tempo do vento e sigo a claridade do sol, onde a noite me traz a paz desejada como o orvalho das lágrimas do amanhecer. Este desperta-me para a loucura do meu corpo cobiçado pelo prazer de criar, num rastejar sobre a visão da obra que vou criar sem obstáculos e que fica além de quem sonha ser pequeno.

Pelo amor tão desejado, sem rejeição do prazer de viver entre a vida e a mensagem perturbada pela ignorância e hipocrisia de respirar, de um sonho ou de um dia, que realizo através da minha solidão.

No silêncio e no espaço do branco, sem deixar rasto, não passando de um passeio onde eu deambulo e a minha liberdade dá-me esse privilégio: do que sou e do que não sou...Eu revejo-me como uma maré, de altos e baixos, com estes meus pensamentos, a minha ausência em sintonia com a minha sombra, percorre a luz infinita num desabrochar diário.

Emanuel Aguiar