O aniversário da discórdia

Praticamente em todas as famílias comemoram-se os dias de aniversário.

E, normalmente, trata-se de momentos felizes, onde a união, a alegria, a fraternidade estão de mãos dadas em redor do aniversariante.

Também comemoram-se aniversários de algo de bom que nos tivesse acontecido em determinada altura da nossa vida. A comemoração de um aniversário – seja de quem for ou de que for - é sempre um momento particularmente feliz.

Só que às vezes existem (raras) exceções e os membros da família aproveitam essas ocasiões para provocarem discussões. Escolhem esses momentos de todo inadequados para a sua lavagem de “roupa suja” por certo armazenada nas suas mentes há longo tempo.

Isto foi o que aconteceu no seio da “família política “na triste e degradante, COMEMORAÇÃO (?) do 25 de Abril, numa casa que se não se der ao respeito, não espere que alguém a respeite como é o caso da ASSEMBLEIA DA REPUBLICA.

Aliás, Portugal, infelizmente, já passou por vários momentos de vergonha ao longo da sua existência, levados a cabo pela sua “família política”. Logo, não nos admiremos com isso.

Depois, o 25 de Abril pouco ou nada tem para comemorar. É mais uma ocasião para exibicionismos, defender interesses políticos e pessoais, com dose de hipocrisia à mistura.

O 25 de Abril está morto e enterrado e os mandantes destas celebrações sabem isso.

O 25 de Abril foi vilmente traído por alguns daqueles que se apresentaram como seus criadores, em conjunto com bandos de incompetentes e ressabiados do regime anterior.

Aproveitaram a LIBERDADE que lhes foi dada para distorcerem o sentido, alterarem o significado e tentarem criar um Portugal diferente (para pior) daquele que os outros MILITARES HONESTOS E SENSATOS DE ABRIL haviam idealizado para os portugueses.

Não fora a ação determinada de alguns destes militares e a sensatez de uns tantos políticos e o 25 de Abril ter-se-ia transformado numa ditadura pior do que aquela que tínhamos.

De modo que, o mais sensato, lógico e racional é naquela data lembrar Abril.

Lembrar Abril seria fazer um exame de consciência a (quase) tudo o que tem acontecido nestes 49 anos de uma DEMOCRACIA E SOCIALISMO que se esconde atrás de uma LIBERDADE para praticar ou permitir o que de pior se pode desejar para um País e para um povo.

LEMBRAR ABRIL não é COMEMORAR ABRIL. É exaltar os seus princípios, o que de bom ele nos queria dar, a mudança que queria operar, a LIBERDADE e o Bem-estar que tencionava dar ao País e consequentemente ao seu povo, o desenvolvimento que preconizava, a pobreza que pretendia erradicar da sociedade, o fim da discriminação social existente e o terminar a guerra, mas de modo civilizado e consensual salvaguardando as vidas e os bens, não só dos portugueses que lá estavam, como daquele povo indígena vítima (até hoje) das várias barbaridades cometidas por esses bandos de terroristas, apelidados de libertadores por uma cáfila de sanguessugas e de ignorantes da realidade do que lá se passava.

Alguém acha que tudo isto foi cumprido? E o que foi feito, fizeram-no da melhor maneira?

Claro que não. Logo essa data é motivo para reflexão e não para comemorações.

Agora que há muita gente com motivos para comemorar lá isso há. Também havia no fascismo. Não são as mesmas pessoas, mas são pelas mesmas razões.

Portugal está no fundo do poço, empurrado de cima para baixo. É triste mas é a verdade!

E já agora que Deus nos ajude a retirar das nossas mentes os grotescos episódios da “telenovela política” dos últimos dias.

Juvenal Pereira