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"Não pedimos eleições mas também não as recusaremos", diz Montenegro

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O presidente do PSD acusou hoje o primeiro-ministro de tentar provocar eleições antecipadas sem o dizer, e assegurou que o seu partido não as pedirá, mas também não as vai recusar.

"Não será por minha causa e do PSD que haverá eleições antecipadas. Não as pedimos, mas também vos digo: não as recusaremos. Sim, estamos preparados para tudo o que for necessáerio", afirmou Luís Montenegro, em conferência de imprensa, na sede nacional do PSD, no final da reunião da Comissão Permanente do partido.

Um dia depois do anúncio do primeiro-ministro de que não aceita o pedido de demissão de João Galamba do cargo de ministro das Infraestruturas, o presidente do PSD acusou António Costa de ter vivido na terça-feira o seu "momento de canto do cisne".

"Num ápice, um primeiro-ministro que enchia a boca com a palavra e o valor da estabilidade, ensaiou uma "fuga para a frente" a ver se provoca eleições antecipadas", acusou, dizendo que "este perfil de primeiro-ministro não interessa a Portugal".

Na fase de perguntas, questionado se defende que este caso -- que classificou de "crise institucional" - deve resultar na dissolução do parlamento, Luís Montenegro não quis ir mais longe do que na declaração inicial, afastando apenas a possibilidade de o PSD apresentar uma moção de censura no parlamento.

"Neste momento, apresentar uma moção de censura seria fazer um frete ao PS, quem é o fator de instabilidade é o PS, não é o maior partido da oposição", disse.

Sobre o que deverá fazer o Presidente da República, que já assumiu numa nota oficial a discordância da decisão do primeiro-ministro de manter em funções João Galamba, o presidente do PSD admitiu que Marcelo Rebelo de Sousa "falará com certeza ao país".

"Não é o maior partido da oposição que se vai intrometer na sua reflexão ou decisão, o que queremos dizer ao país e também ao Presidente da República é que, se e quando houver eleições antecipadas, o PSD está totalmente preparado para as disputar, para as vencer e sair delas com um Governo reformista", afirmou.

Luís Montenegro não quis revelar se falou já com Marcelo Rebelo de Sousa nem respondeu à pergunta se o considera fragilizado, dizendo apenas que, à exceção de contactos formais entre o presidente do PSD e o Presidente da República, os restantes serão mantidos em recato.

E à pergunta se a convocação de eleições agora seria beneficiar o infrator -- já que o PSD considera que é o Governo que está a tentar provocar legislativas antecipadas -, Montenegro respondeu negativamente.

"O infrator será castigado nas urnas qualquer que seja o dia em que se realizarem as eleições", disse.

Na sua intervenção inicial -- escrita, ao contrário do habitual -, o presidente do PSD defendeu que o partido está mais bem preparado para governar do que o atual Governo e deixou uma garantia.

"Quero dizer nos olhos aos portugueses que não me move nenhum espírito de sobrevivência individual ou partidária. Pelo contrário, move-me um espírito de missão que será a minha última na política ativa", assegurou, prometendo que será "um primeiro-ministro livre, pronto para enfrentar interesses instalados e para combater privilégios injustificados".

Montenegro reiterou que só será primeiro-ministro se vencer as legislativas: "Estamos serenos e sem pressas. Mas, digo-o com sinceridade, sinto que Portugal tem cada vez menos tempo a perder", apontou.