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Segunda condenação em Espanha por divulgação de 'fake news' na Internet

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Foto Shutterstock

Uma mulher foi condenada em Espanha a um ano de prisão por ter difundido na Internet um vídeo que dizia ser de jovens imigrantes violentos, mas que na realidade havia sido registado numa escola brasileira, foi hoje divulgado.

A mulher aceitou hoje esta condenação, através de um acordo com o Ministério Público, numa audiência num tribunal de Barcelona, e não chegou, por isso, a ser julgada.

Esta é a segunda condenação de uma pessoa em Espanha por divulgação intencional e consciente de conteúdos falsos (conhecidos como 'fake news') na Internet.

Em novembro do ano passado, um homem aceitou a condenação de um tribunal, também em Barcelona, a 15 meses de prisão por divulgar na Internet um vídeo em que atribuía a um imigrante menor a autoria de uma agressão que na realidade ocorreu na China.

O condenado, membro da força policial Guarda Civil, reconheceu os factos de que estava acusado e aceitou a sentença, que o considerou culpado de um delito contra os direitos fundamentais, por divulgar em 2019 um conteúdo falso com o objetivo de difamar grupos vulneráveis, neste caso, imigrantes menores que chegam a Espanha não acompanhados por adultos.

No caso hoje decidido, a mulher condenada a um ano de prisão reconheceu ter divulgado na Internet um vídeo, em junho de 2019, em que se viam alunos numa sala de aula a gritar, a lançar mesas e a insultar uma professora, a quem atiravam papéis.

A mulher agora condenada divulgou o vídeo e escreveu um texto a acompanhar as imagens, feitas numa escola brasileira, em que dizia tratar-se de "um centro educativo para imigrantes ilegais" que assim "agradecem o acolhimento" dos espanhóis.

O Ministério Público acusou a mulher de pretender, "com manifesto desprezo pela verdade", associar "um comportamento violento com o coletivo de menores migrantes, contribuindo para criar preconceitos" e "um sentimento de rejeição" em relação a estas pessoas.

No acordo hoje alcançado em tribunal, a mulher reconheceu ser a autora de um delito de ódio e aceitou a condenação a um ano de prisão. Terá ainda de pagar uma multa de 900 euros e não poderá trabalhar em profissões ligadas à educação.

Por não ter antecedentes penais, o tribunal decidiu que a pena de prisão fica suspensa e que a mulher (que não trabalha e disse ser pensionista) terá de fazer uma formação sobre diversidade cultural para não entrar na cadeia.