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RTP vai fazer este ano "um esforço de investimento grande"

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O presidente da RTP afirmou hoje que este ano será feito "um esforço de investimento grande" na "recuperação total" de dois estúdios do Centro de Produção do Norte e a conclusão de outros dois de rádio.

Nicolau Santos, que falava na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, sublinhou que, apesar dos constrangimentos financeiros que a empresa atravessa - tem a Contribuição para o Audiovisual (CAV) congelada e as receitas limitadas --, a RTP "não pode parar".

Assim, este ano "estamos a contar com um esforço de investimento grande" dirigido "para a recuperação total de dois estúdios do Centro de Produção do Norte (CPN) que hoje em dia tem peso já muito significativo na produção de conteúdos no âmbito da RTP e a conclusão de dois novos estúdios para a rádio na sede em Lisboa e a renovação visual dos estúdios de informação em Lisboa", anunciou o gestor.

"Ficará também concluída toda a renovação da empresa", incluindo as regiões autónomas, "para o sistema HD que até agora não existia", continuou o presidente do Conselho de Administração da RTP, que admitiu que "muitos outros investimentos serão necessários (...), mas não há capacidade financeira para os fazer a curto prazo".

Recordou que está em vigor o processo de reorganização interna que envolveu 150 pessoas oriundas das segundas linhas das hierarquias.

O processo, disse,"continua a decorrer" e tem como objetivo transformar a RTP numa empresa cada vez mais multiplataforma em que o digital "estará no posto de comando".

O gestor salientou que 2022 foi "um ano perfeitamente atípico", em particular para as empresas de media, já que a guerra da Ucrânia aumentou o esforço financeiro da RTP com as equipas enviadas para o terreno, com a cobertura a custar cerca de "700 mil euros".

Além disso, houve o aumento dos custos de energia, a subida dos preços unitários dos fornecedores da RTP, das taxas da juro, os quais "particularmente este ano vão ser muito significativos" e "aumentos salariais que não existiam desde 2019", elencou.

Apesar de tudo isto, "penso que o ano de 2022 marca efetivamente uma viragem fundamental: é que a partir de agora - e com o atual enquadramento financeiro da empresa - a RTP provavelmente vai passar a dar com regularidade resultados negativos ou muito próximo de negativo", advertiu Nicolau Santos.

"E porquê? Porque como os senhores deputados sabem a Contribuição para o Audiovisual [CAV] está congelada desde há alguns anos, as nossas capacidades de captar receitas comerciais e de publicidade também estão limitadas e por outro lado há custos que estão sistematicamente a crescer e a crescer de forma significativa. E, portanto, estas duas tendências obviamente vão conduzir a RTP a uma situação orçamental difícil nos próximos anos", considerou o gestor.