Natural
de Ílhavo (Aveiro), José António Paradela estabeleceu uma ligação privilegiada
com a Madeira na sua juventude, através da amizade com Lourdes Castro. 
Madeira

Adeus ao ‘pai’ do planeamento do território na Madeira

Morreu, ontem, o arquitecto José António Paradela, coordenador Plano de Ordenamento Territorial da Região Autónoma da Madeira (POTRAM)

José António Bóia Paradela faleceu, esta terça-feira, 21 de Fevereiro de 2023. Tinha 86 anos. 

As cerimónias fúnebres estão marcadas para amanhã, dia 23, na Igreja Matriz de Ílhavo, de onde era natural.

Nascido em Ílhavo, a 30 de Outubro de 1937, Paradela foi serralheiro civil e embarcadiço na pesca do bacalhau até aos 18 anos.

Foi, depois, Bolseiro da Fundação Gulbenkian durante 5 anos, tendo-se formado em Arquitectura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (1960/1961).

Este homem do mar feito arquitecto dedicou-se também à escrita, tornando-se referência nos meios culturais. Escreveu e partilhou tertúlias literárias, tendo ficado conhecido sob o pseudónimo Ábio de Lápara.

A ligação à Madeira – onde deixaria extensa obra – começa na juventude, nomeadamente, através da amizade com Lourdes Castro, de quem foi colega na Escola Superior de Belas Artes.

No final dos anos 60, Lourdes Castro, René Bertholo e os amigos, entre os quais José Paradela, mas também Pitum Keil do Amaral, Eduarda e Marcelo Costa, juntavam-se nas férias e divertiam-se a fazer novelas nas ruas do Funchal, com playboys, “raparigas modernas” e sheiks árabes.

Desses “Verões passados” ficaram perto de 200 diapositivos, dois filmes em Super 8, uma banda magnética, um disco em vinil e ainda um filme em 16mm, que foram recuperados pela Porta 33. Veja aqui.

Mais tarde, Paradela seria convidado pelo Governo Regional para coordenar o POTRAM, Plano de Ordenamento Territorial da Região autónoma da Madeira, sendo também responsável pelos Planos Directores Municipais (PDMs) de Machico, Santa Cruz e Porto Santo, bem como pelo Plano de Urbanização do Amparo, os Planos de Ordenamento da Orla Costeira do Norte e Porto Santo e a Carta de Riscos de Erosão, deixando a sua marca no planeamento do território na Madeira.

Recorde aqui a entrevista ao DIÁRIO, em 1997, em que Paradela fala sobre as alterações “de Jardim” ao POTRAM:

Paradela assina também alguns edifícios emblemáticos construídos, na Madeira, nas últimas décadas. Entre as suas inúmeras as obras na Região destacam-se: o Estádio do Nacional, o Edifício da Caixa Geral de Depósitos, o Centro Comercial Europa, o Edifício da Loja do Cidadão, o Hotel Four Views, Hotel Alto Lido, Hotel São Vicente, Hotel Torre Praia Porto Santo, o Forum Machico, entre outras.

A notícia da morte de José António Paradela foi divulgada nas redes socias por nomes da arquitectura regional, como Danilo Matos e Pedro Araújo, que recordam com "saudade" o "grande amigo" e "patrão".