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Criar (o) futuro (XVI)

Hoje, quero realçar os 18 anos da SocioHabitaFunchal, empresa municipal de habitação da Câmara Municipal do Funchal, que foi constituída em 23 de fevereiro de 2005.

Ao longo dos anos, a SocioHabitaFunchal, E.M. (SHF) tem tido um papel fulcral na política social ao nível da habitação para os funchalenses mais carenciados, bem como uma permanente intervenção comunitária no combate à exclusão social, dando ênfase ao direito fundamental a uma habitação condigna.

Trata-se de um percurso significativo, numa área que adquire cada vez maior atualidade, dada a necessidade de respostas habitacionais, não só para as pessoas mais vulneráveis do ponto de vista social e económico, mas também para a classe média que assiste apreensiva ao aumento da inflação e das taxas de juro, com reflexos negativos na capacidade de cumprimento das responsabilidades de pagamento das prestações do crédito à habitação, ou das rendas habitacionais, face aos valores do mercado de arrendamento e à diminuição do poder de compra.

Porque mais do que falarmos de habitação social, temos de pensar que é a casa que tantas famílias precisam. Gosto do termo casa, pois como disse Balkrishna Doshi, arquiteto vencedor do Prémio Pritzker 2018, numa entrevista ao Jornal “Expresso”, datada de 8 de abril de 2018, quando questionado se a habitação social tinha de ter dignidade, respondeu: “Não uso a palavra habitação social. Uma casa é uma casa”. Referiu, igualmente, que “a arquitetura deve servir a comunidade e as pessoas e fazê-las felizes”.

Revejo-me nesta ideia de servir a comunidade e as pessoas e fazê-las felizes.

Neste âmbito, destaco um novo projeto a ser dinamizado pela SHF, bem demonstrativo da dinâmica e adaptação constante aos novos desafios com que nos debatemos no dia a dia. Chama-se “DesEnvolve-te”, e faz uma junção feliz de duas palavras imprescindíveis à inclusão social: é sempre importante contribuir para o desenvolvimento, quer seja em termos de estruturas e respostas sociais quer no desenvolvimento pessoal dos inquilinos e utentes, e envolvimento porque o trabalho efetuado no terreno, junto da população, pelos técnicos da SHF, tem sempre um cariz de proximidade e apoio, de rede e suporte nas vivências de bairro.

Este projeto interdisciplinar, desenhado por três técnicos, Neuza Quintal, Marco Costa e Rossana Lopes, com áreas tão diferenciadas, mas ao mesmo tempo tão complementares, como sejam a psicologia, a música e o desporto, pretende contribuir para que seja alcançado o objetivo de “para além da consciencialização do seu próprio corpo e mente, que os participantes adotem/adquiram atitudes pró-ativas no desenvolvimento das competências físico-motoras e cognitivas” porque “envelhecer com lucidez e dignidade, em pleno corpo e em pleno espírito, é a realização total da aventura humana no planeta em que vivemos e sobrevivemos”.

É mais um dos muitos e bons projetos desenvolvidos pela SHF, num trabalho constante em prol da cidadania e coesão social. Um trabalho que se faz diariamente junto dos inquilinos e utentes, nos bairros, nos centros comunitários, na Loja Social, na Oficina Solidária, no Gabinete de Psicologia e no Polo de Emprego, de forma a que estes espaços sociais sejam promotores de uma sociedade mais equitativa, resiliente e sustentável.

Neste mês que a SocioHabitaFunchal, E.M. atinge a sua “maioridade”, é tempo de agradecer à Câmara Municipal do Funchal por todo o apoio, bem como aos nossos parceiros sociais, num esforço conjunto em prol da qualidade de vida e bem-estar dos munícipes funchalenses.

Mas é sobretudo mais uma oportunidade para agradecer a dedicação e empenho de todos os que trabalham na SHF, dando o seu contributo imprescindível no sentido da diminuição das desigualdades sociais e para que se caminhe cada vez mais para uma sociedade em que o direito a uma habitação condigna seja uma realidade para todos.

O tempo é sempre de compromisso, de lutar por um futuro melhor. Embora o passado seja importante para sabermos os fundamentos e os alicerces de muitas decisões, é essencial ter o olhar sempre posto no futuro.

Como disse Thomas Jefferson, ex-Presidente dos Estados Unidos da América: “Prefiro os sonhos do futuro às histórias do passado.”