Percorrendo-se os becos, as travessas e ruas da cidade do Funchal, deparamo-nos permanentemente com o estado de muitos dos prédios aí ainda de pé, à espera que num ou outro dia a inevitável derrocada lhes venha bater à porta.

Sabe-se que as Câmaras Municipais não são as donas de muitos dos prédios nesse estado de ruinoso colapso, mas também se sabe que as Câmaras Municipais podem accionar obras coercivas intimando os proprietários a conjuntamente com as Câmaras, resolverem pontualmente a questão de abandono e morte desse património.

Que pena ver tantos prédios em ruína, muitos sem telhado, onde a rataria impera infestando a cidade, e onde os mais desfavorecidos da sociedade madeirense ali procuram refúgio já que outros abrigos lhes faltam!...

Fotógrafos desta ilha, percam algumas horas do vosso lazer, e percorram os lugares que não são poucos onde aqui e ali esses restos de casas desfeiam a cidade. E fotografem, fotografem até à exaustão o descalabro urbanístico que por aí campeia, e façam depois uma exposição com o material recolhido que não deve ser pouco. Se possível, não se esqueçam depois de enviar convite aos Edis da Câmara do Funchal para eles, que poderiam caso a caso manter diálogo com os proprietários, despirem os mantos diáfanos da fantasia com que se cobrem em dias de festas, e uma vez por todas tomarem consciência que a cidade do Funchal não está de perfeita saúde como tantas e tantas vezes apregoam. É que de boas intenções está o mundo cheio!!!...

Mão à obra caros fotógrafos. Um dia de arte a bem do Funchal.

Jorge Gomes