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Madeira

Falta de casa torna crianças mais vulneráveis

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São situações de carência económica, de necessidade de intervenção nas habitações, seja por questões de insalubridade, seja por falta de espaço ou desadequação ao agregado familiar que colocam crianças e jovens mais vulneráveis no concelho da Ponta do Sol.

“Posso vos admitir que as situações mais frequentes dizem respeito aos idosos dependentes em que é preciso adaptar os acessos ou as casas de banho, mas chegam-nos pedidos para ampliação das casas pela necessidade de a criança / jovem ter o seu próprio espaço”, observou a presidente da Câmara da Ponta do Sol.

“Isto acontece porque as famílias têm muitos filhos como há 30, 40, 50 anos atrás? Não. Não é disso que se trata. Estamos a passar uma fase, que se intensificou nestes últimos anos, em que os filhos saíram de casa dos seus pais e regressam agora acompanhados e com filhos”, apontou há momentos durante o Colóquio sobre o Sistema de Protecção de Crianças e Jovens em Portugal e a autonomia de Adolescentes acolhidos que decorre no auditório do Centro Cultural John dos Passos.

A autarca reconheceu que as famílias cresceram com outras famílias dentro, sem ter, na maior parte das vezes, o espaço adequado para viverem autonomamente.

As situações de carência habitacional no concelho envolvendo crianças e jovens atingem ainda um grande número de famílias monoparentais, em precariedade laboral, dados recolhidos aquando do levantamento realizado para a elaboração da Estratégia Local de Habitação, relembrou.

Algumas destas situações estão agora a ser tratadas e terão resposta ao abrigo do programa nacional de habitação Primeiro Direito, através do apoio da Câmara Municipal na elaboração das candidaturas, adiantou a edil socialista.

A habitação continua a ser a grande preocupação dos jovens no momento de se tornarem autónomos. “É uma preocupação para qualquer jovem, mas é ainda maior para jovens que aos 18 anos são obrigados a deixar a instituição que os acolheu”, acrescentou durante a sua intervenção, na qual também estava a secretária regional da Inclusão, Ana Sousa.

Outros, dadas as dificuldades económicas e a falta de resposta pública, acabam por regressar à casa e à família de onde tinham sido afastados por esta representar um risco para a sua segurança e bem-estar, referiu.

“Estas situações são ainda mais problemáticas quando as razões que ditaram o afastamento da criança ou jovem envolvem o consumo de álcool e drogas. Voltar ao meio representa um retrocesso que importa travar”, disse ainda Célia Pessegueiro defendendo que a habitação “é a base para a segurança e confiança que muitos precisam sentir para dar o passo determinado na vida adulta”.

Madeira sinalizou 1.497 crianças em risco

A Região sinalizou em 2022 1.497 crianças em risco mais 143 [1.354] quando comparado com ano anterior. Neste momento existem 159 jovens institucionalizadas.