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Centenas de apoiantes de Bolsonaro forçam entrada no edifício do Congresso brasileiro

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Centenas de apoiantes do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro invadiram hoje a sede do Congresso Nacional numa manifestação em que pedem uma intervenção militar para derrubar o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O grupo, que defende teses golpistas, ultrapassou uma barreira policial e subiu a rampa que dá acesso à cobertura dos prédios da Câmara dos Deputados e do Senado.

Centenas de militantes radicais fiéis do ex-chefe de Estado estão acampados em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, desde o dia seguinte às eleições de 30 de outubro, nas quais Lula da Silva derrotou Bolsonaro. A polícia brasileira usou gás lacrimogéneo para tentar repelir os manifestantes, que estavam concentrados no exterior do edifício.

A zona em torno do Congresso estava isolada pelas autoridades, mas os apoiantes de Bolsonaro, que se recusam a aceitar a eleição de Lula da Silva, conseguiram romper os cordões de segurança e várias dezenas conseguiram subir a rampa deste edifício de arquitetura moderna para ocupar a cobertura. As imagens impressionantes, que trazem à memória a invasão do Capitólio nos Estados Unidos da América por apoiantes do então Presidente Donald Trump, mostram uma verdadeira maré humana fluindo em direção ao Congresso, edifício onde se situam a Câmara dos Deputados e o Senado. Manifestantes apareceram na cobertura, mas também em todos os relvados adjacentes, inclusive o do palácio presidencial do Planalto. Vestindo maioritariamente camisolas com as cores amarela e verde e bandeiras do Brasil, os manifestantes atacaram alguns veículos da Polícía Legislativa, que assegura a segurança do Congreso.

Na sua marcha em direção ao Congresso, os manifestantes destruíram também as barreiras de proteção e armados com paus enfrentaram os agentes da autoridades no local, que infrutiferamente os tentaram conter.

Lula da Silva, que assumiu a Presidência de Brasil no passado dia 01, encontra-se este fim de semana na cidade de Araraquara, em São Paulo. Os "bolsonaristas" montaram acampamentos em várias cidades, sobretudo defronte de unidades militares numa tentativa de convencer as forças armadas a impedir o regresso de Lula da Silva à Presidência, onde exerceu dois mandatos (2003-2011). Os acampamentos começaram a ser desmantelados na sexta-feira em Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais, onde ocorreram alguns distúrbios.

No sábado, o ministro da Justiça, Flávio Dino, autorizou a atuação da Força Nacional de Segurança, grupo de elite das forças policiais de todo o país, mobilizado para missões especiais. Antes da invasão do Congresso, Flávio Dino pronunciou-se nas redes sociais e disse que os opositores terão que esperar até 2026, quando serão realizadas as próximas eleições presidenciais, assim como o atual governo esperou entre 2018 e 2022, período do mandato presidencial de Jair Bolsonaro.

Em comunicado, o ministro da Justiça disse que o seu ministério convocou uma reunião de emergência com os órgãos de segurança para tratar das manifestações.

Lula da Silva venceu a segunda volta das eleições, em 30 de outubro, com 50,9% dos votos válidos contra 49,1% de Bolsonaro. Jair Bolsonaro, que não entregou simbolicamente o poder a Lula da Silva, deixou o Brasil antes do final do ano para os Estados Unidos.