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Mercado de trabalho forte coloca Wall Street em baixo

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A bolsa nova-iorquina encerrou hoje em baixa, depois de serem conhecidos sinais de que o mercado de trabalho dos EUA está demasiado sólido aos olhos da Reserva Federal (Fed), mais preocupada com a inflação.

Os resultados definitivos da sessão indicam que o índice seletivo Dow Jones Industral Average recuou 1,02%, o tecnológico Nasdaq perdeu 1,47% e o alargado S&P500 desvalorizou 1,16%.

Apesar de os números oficiais sobre o emprego, relativos a dezembro, serem esperados para sexta-feira, hoje soube-se que os empregadores privados contrataram bem acima do previsto, com a criação de 235 mil postos de trabalho, acima dos 153 mil estimados, segundo o inquérito mensal feito pela ADP.

O mercado de trabalho permanece assim aparentemente muito dinâmico, o que não vai no sentido de uma contração dos salários, portanto, no entender da Fed, da inflação.

Como sintetiza a AP, a queda generalizada das cotações em Wall Street e a subida dos rendimentos obrigacionistas aconteceu depois de mais números positivos sobre o mercado laboral, o que alimenta preocupações com a possibilidade de a Fed poder continuar a infligir dor à economia para combater a inflação.

"O inquérito ADP saiu com números mais fortes do que esperados relativos ao mês passado, tanto mais que tem tido uma tendência de subestimar as contratações nos seis meses anteriores. Esta é a razão pela qual os investidores creem que o mercado de trabalho não esteja a ir na direção desejada pela Fed", comentou Jack Ablin, da Cresset, em declarações à AFP.

Os analistas preveem que o Departamento do Trabalho contabilize para dezembro 210 mil criações de emprego, depois das 265 mil de novembro.

A taxa de desemprego deve manter-se em 3,7%, segundo o consenso apurado pela Briefing.com.

"Talvez estas estimativas sejam demasiado otimistas, se nos colocarmos na posição da Fed, que está desejosa de combater a inflação", acrescentou aquele analista.

"Regressámos ao ponto em que as boas notícias aparecem como más notícias", resumiu, evocando as criações de emprego, que são boas para os trabalhadores, mas más para o controlo de preços, na perspetiva da Fed.

O analista realçou que o mercado de trabalho é o único setor que até agora não sofreu com a política monetária mais severa da Fed, que aumentou o custo do dinheiro.

A bolsa "continua nervosa, questionando-se sobre quanto tempo mais a Fed vai conservar uma estrita política monetária", acrescentaram os analistas da Schwab.