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Dezenas de milhares fazem fila para homenagear pontífice

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Foto: Agência ECCLESIA

Um helicóptero da polícia sobrevoa a praça de São Pedro, em Roma, enquanto a fila para os controlos de segurança se estende pela rua da Conciliação, caminho de mais de 36.000 pessoas que hoje homenagearam o papa emérito Bento XVI.

O número total de peregrinos que entraram na igreja para ver o corpo de Bento XVI, que morreu no sábado aos 95 anos, já atingiu 160.000.

No centro da praça renascentista projetada por Gian Lorenzo Bernini ainda está a árvore de Natal sob a qual fiéis e turistas tiram fotos de recordação.

Muitos dos peregrinos que decidem entrar na Basílica de São Pedro não chegaram a Roma especificamente para o funeral de Bento XVI, mas decidiram vir homenageá-lo depois de saberem da sua morte.

Há freiras e famílias, padres e grupos de escoteiros. Dezenas de línguas são ouvidas, italiano claro, mas também espanhol, alemão, inglês, português, francês.

"Viemos de Lyon para a Itália para passar as férias aqui. Decidimos vir a São Pedro porque somos crentes e é justo vir homenagear um papa mesmo que já não o seja", diz à Lusa Annabelle Fournier, 43 anos, que caminha ao lado do marido, enquanto empurra o carrinho com seu filho de um ano, que dorme.

O tempo de espera para entrar na igreja era quase nulo no início do dia e aumentou ao longo da manhã. Por volta das duas horas da tarde (13:00 em Lisboa) havia cerca de uma hora de fila antes de entrar. Quase nada quando comparado com as 18 horas de espera para entrar quando o Papa João Paulo II morreu.

Na rua da Conciliação, os grupos param para descansar e comer uma sanduíche depois de longas viagens que duraram a noite toda.

Um desses grupos vem de Benevento, uma cidade no sul da Itália. "Viemos da paróquia de Santa Maria di Costantinopoli. Era esperado que estivéssemos aqui porque tínhamos bilhetes para a audiência geral do Papa realizada todas as quartas-feiras, e como estávamos aqui alguns de nós decidiram entrar na basílica e rezar pelo Papa Bento", disse à Lusa Adele Schena, uma das fiéis.

Ao seu lado, um grupo de 15 adolescentes da mesma paróquia está sentado na calçada. "Eles não quiseram entrar porque nenhum deles lembra quem é o Papa Bento XVI. Eram muito jovens quando ele renunciou e, portanto, só conhecem o Papa Francisco", explicou Adele.

À medida que a fila avança, passam vendedores de carregadores de bateria e mendigos, vendedores oferecendo pulseiras e guias turísticos.

Uma delas é uma mulher de Serra Leoa que chegou à Itália há vinte anos. Tem três filhos e trabalha todos os dias nesta rua vendendo ingressos-sem-filas nos Museus do Vaticano, que ainda hoje tenta oferecer aos fiéis.

"Geralmente consigo vender 8, 10 ingressos por dia. Hoje pensei em vender mais mas até agora não fiz nada. Estas pessoas estão aqui apenas para o Papa Bento", diz à Lusa Nancy Irame, de 38 anos. Acrescenta que quando terminar o seu dia de trabalho, também irá à igreja.

"Nasci numa família católica. Também eu quero ir rezar pelo Papa", referiu.

Em cada esquina há grupos de polícias e de defesa civil orientando as filas. É proibido levar para a praça garrafas e cantis, que são largados e se acumulam no passeio junto aos portões.

No final da Praça de São Pedro, os palanques já estão montados para os jornalistas televisivos que chegam de todo o mundo para filmar o funeral de Bento XVI, que se realiza na quinta-feira.

Até agora, já são mais de mil os repórteres credenciados. Na entrada central da basílica de São Pedro, sob a galeria das bênçãos, foi colocada uma tapeçaria da Ressurreição, da série Vida de Cristo, enquanto cerca de 5.000 cadeiras foram colocadas no adro. Segundo as autoridades italianas, cerca de 60 mil pessoas estarão na praça amanhã.