A Guerra Mundo

Zelensky diz que envio de tanques é a "única solução"

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O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky considerou hoje "não existir outra solução" para o conflito sem ser o envio para o país de tanques ocidentais, após os aliados de Kiev protelarem uma decisão no decurso de reunião na Alemanha.

"Sim, deveremos ainda bater-nos pelo fornecimento de tanques modernos, mas cada dia se torna mais evidente que não existe outra solução além da tomada de uma decisão sobre os tanques", declarou Zelensky no seu discurso noturno pela televisão.

"Os nossos parceiros têm uma atitude de princípio, apoiarão a Ucrânia enquanto necessário para a nossa vitória", prosseguiu.

Reunidos na base militar norte-americana de Ramstein, na Alemanha, os aliados ocidentais da Ucrânia não chegaram a acordo sobre a entrega de tanques, em particular devido à ausência de autorização da Alemanha.

As expectativas de Kiev eram fortes antes deste encontro de 50 países destinado a coordenar a ajuda militar dos aliados contra Moscovo, com a Ucrânia a aguardar obter o armamento necessário para desencadear uma nova ofensiva conta as tropas russas.

Zelensky, que na quinta-feira apelou aos ocidentais a aumentarem "consideravelmente" as suas entregas, hoje felicitou-se contudo pela reunião em Ramstein que "reforçará a resiliência" ucraniana.

Assim, referiu-se a "várias centenas de veículos de combate acrescentados ao arsenal" ucraniano e "resultados significativos relacionados com lança-foguetes e sistemas aéreos".

No mesmo encontro, o secretário de Defesa norte-americano, Lloyd Austin, disse que é relevante que os aliados não se atrasem na ajuda a Kiev, incluindo a Alemanha, que tem sido criticada pela resistência em autorizar a cedência de tanques de guerra Leopard 2, de fabrico alemão.

Para o secretário de Defesa dos EUA, a Alemanha é "um aliado confiável", apesar da sua relutância em fornecer tanques de guerra pesados à Ucrânia, reconhecendo que "todos podemos fazer mais" na ajuda a Kiev.

"Eles são fiáveis há muito tempo e acredito sinceramente que continuarão a ser um aliado no futuro", explicou Austin, referindo-se à Alemanha.

No âmbito da mesma reunião do Grupo de Contacto para a Ucrânia, e segundo fontes diplomáticas citadas pelas agências internacionais, o Governo alemão adiou hoje a decisão sobre o fornecimento de tanques de combate Leopard 2 a Kiev, afirmando que vai rever as reservas e disponibilidade deste material.

Portugal esteve representado nesta reunião pela ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras.

Portugal vai enviar mais 14 viaturas blindadas M113 e oito geradores elétricos de grande capacidade para a Ucrânia, elevando "para 532 toneladas o total de equipamento militar, letal e não letal" fornecido ao país, anunciou a ministra da Defesa.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e quase oito milhões para países europeus --, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia -- foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 7.031 civis mortos e 11.327 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.