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Ministro da Defesa brasileiro não acredita no "envolvimento directo das Forças Armadas"

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Foto André Borges / EPA

O ministro da Defesa do Brasil disse hoje que não acredita no "envolvimento direto das Forças Armadas" nos ataques feitos aos três poderes brasileiros por parte de radicais, mas que se alguém participou vai "responder como cidadão".

O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, esteve reunido de manhã, no Palácio do Planalto, em Brasília, com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e com os comandantes do Exército, general Júlio Cesar de Arruda, da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno.

"Entendo que não houve envolvimento direto das Forças Armadas. Agora, se algum elemento, individualmente, teve a sua participação, ele vai responder como cidadão", afirmou, à saída da reunião, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, citado na imprensa local.

Após a primeira reunião entre Lula da Silva e os comandantes das Forças Armadas, Múcio Monteiro explicou que esta foi antecipada para hoje precisamente para transmitir confiança entre os dois poderes, depois de várias acusações de que as Forças Armadas teriam sido coniventes com os radicais.

"Foi por isso que procuramos antecipar essa reunião (...) temos que pensar para a frente, temos que pacificar esse país, governar", afirmou.

Milhares de simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro, que deixou o poder em 01 de janeiro quando Lula da Silva lhe sucedeu, invadiram as sedes do Congresso, da Presidência e do Supremo Tribunal Federal e causaram graves estragos.

Os detidos da operação desta segunda-feira eram um segundo-tenente do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, um assessor de um deputado regional que apoia Bolsonaro e uma mulher encarregada de arrecadar dinheiro para financiar o ataque às instituições.

Relativamente à operação policial de hoje ainda não foram divulgadas as identidades dos oito suspeitos que a polícia procura.

Cerca de 1.800 pessoas já foram detidas pela invasão, vandalismo e agressões às autoridades, embora uma parte tenha sido libertada por motivos humanitários e responderá a um possível processo judicial em liberdade.

As autoridades brasileiras agora tentam identificar e prender os possíveis mandantes, instigadores e financiadores da invasão das sedes dos poderes executivo, judiciário e legislativo, bem como investigar o possível conluio dos comandantes da polícia de Brasília.

Na sexta-feira passada, o Supremo Tribunal Federal incluiu Jair Bolsonaro, que está atualmente nos Estados Unidos, na lista de investigados por supostamente incitar os seus seguidores mais radicais a atacar instituições democráticas.

O tribunal também determinou a prisão do ex-secretário de Segurança de Brasília Anderson Torres, que foi ministro da Justiça de Bolsonaro, pela sua suposta omissão em deter os golpistas de 08 de janeiro.