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Medina pede para ser ouvido no caso que motivou buscas na Câmara de Lisboa

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O ministro das Finanças, Fernando Medina, disse hoje que pediu para ser ouvido no âmbito do processo que motivou na terça-feira a realização de buscas na Câmara de Lisboa, embora desconheça "em absoluto" a investigação em curso.

"Não tenho nenhum conhecimento de nenhuma investigação em curso, nunca fui ouvido, nunca fui chamado a prestar qualquer esclarecimento em nenhum processo de natureza judicial dos vários que têm vindo a público, em especial aquele que agora foi noticiado. Desconheço em absoluto", afirmou Fernando Medina, que presidiu à Câmara de Lisboa entre abril de 2015 e outubro de 2021.

Salientando que é sua "obrigação contribuir para o esclarecimento da situação", o agora ministro das Finanças adiantou que pediu hoje à Procuradora-Geral da República para ser ouvido no processo "de forma a poder expressar todos os esclarecimentos que o Ministério Público entenda necessários".

"Sou o principal interessado em fazê-lo", admitiu.

Na quarta-feira, a TVI/CNN Portugal noticiou que a Polícia Judiciária realizou buscas na Câmara de Lisboa por "suspeitas de corrupção, participação económica em negócio e falsificação", numa nomeação para "prestação de serviços que foi assinada em 2015" pelo então presidente da autarquia, Fernando Medina (PS), que é agora ministro das Finanças.

Em declarações aos jornalistas no Ministério das Finanças, em Lisboa, Medina insistiu que não tem "qualquer conhecimento da investigação", nem foi até agora chamado a prestar declarações, e que a única coisa que pode fazer é pedir para ser ouvido para contribuir "para o esclarecimento total, integral daquilo que o Ministério Público entenda".

"Até agora não fui ouvido, não fui chamado a nenhum processo que, aliás, desconheço que exista verdadeiramente, só faço fé no que vem na comunicação social", acrescentou.

O Público recorda na edição de hoje estar em causa, conforme o jornal noticiou em 2018, a contratação, entre 2015 e 2016, dos serviços de consultadoria do 'histórico' do PS Joaquim Morão, ex-autarca em Idanha-a-Nova e Castelo Branco, para apoio técnico na gestão de projetos e obras municipais.

A Câmara de Lisboa confirmou na quarta-feira a realização de buscas no departamento de Urbanismo, mas remeteu mais esclarecimentos para as autoridades judiciais.

Já hoje, a Procuradoria-Geral da República (PGR) adiantou à Lusa que o caso que levou à realização de buscas na terça-feira no departamento de Urbanismo da Câmara de Lisboa "não tem arguidos constituídos" e está sujeito a segredo de justiça.

Segundo a TVI/CNN Portugal, em causa estarão "a viciação das regras para a contratação de um histórico do PS de Castelo Branco com vista à gestão das obras públicas na capital".

"O Ministério Público acredita que o objetivo do esquema visou a angariação de dinheiro em obras públicas, com subornos de empreiteiros, para o financiamento ilícito do PS, através dos chamados sacos azuis", referiu a TVI.

Ainda de acordo com a estação de televisão, as buscas envolveram, além da autarquia, empresas de dois empresários de Castelo Branco, suspeitos de participarem no esquema de angariação de fundos.

"Os alvos, por suspeitas de corrupção, são Joaquim Morão, histórico socialista e ex-autarca de Castelo Branco e de Idanha-a-Nova, e o seu amigo António Realinho, empresário da mesma zona do país, que até já cumpriu pena de prisão por burla", indicou.

Numa nota enviada hoje à Lusa, o 'histórico' socialista e ex-autarca de Castelo Branco Joaquim Morão diz não ter praticado qualquer ato ilícito no âmbito da prestação de serviços de consultadoria à Câmara de Lisboa, manifestando total disponibilidade para colaborar com a investigação.

Hoje de manhã, em declarações aos jornalistas à margem da inauguração do novo escritório de uma empresa em Lisboa, o atual presidente do município da capital, o social-democrata Carlos Moedas, disse que as buscas realizadas na terça-feira "se referem a mandatos anteriores", assegurando que a autarquia "vai colaborar obviamente com a justiça".