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Marcelo diz que questionário protege a democracia e aplica-se a todos em funções

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O Presidente da República considerou hoje que o questionário de 36 perguntas a preencher por candidatos a governantes protege a democracia e na prática aplica-se a todos os que já estão em funções no Governo.

 Marcelo Rebelo de Sousa, que falava aos jornalistas no fim de uma sessão comemorativa dos 30 anos do Infarmed, em Lisboa, congratulou-se por haver um maior escrutínio da opinião pública em relação a quem exerce o poder político e contestou que isso seja qualificado de populismo.

Sobre o questionário aprovado na semana passada através de resolução do Conselho de Ministros, afirmou que "estas perguntas são uma antecipação daquelas que a comunicação social, mais dia, menos dia, vai fazer" e que, "portanto, é uma pura teoria aquela de que isto não se aplica aos que já estavam em funções".

O chefe de Estado argumentou que, "se de repente houver uma notícia" sobre um membro do Governo, "é irrelevante se foi perguntado ou não foi perguntado -- a partir daquele momento passou a ser perguntado".

"Portanto, aquele debate que eu vi de que só a partir de agora é que vamos juridicamente exigir este esclarecimento, não, o esclarecimento é o esclarecimento que permanentemente vai ser escrutinado pela opinião pública", reforçou.

Interrogado se irá ler as respostas dos convidados para secretários de Estado ou ministros, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que, perante dúvidas, poderá pedir para se "verificar o que é que é sobre isso foi apurado" no questionário preenchido sob compromisso de honra.

"Mas verificar não é para controlar do ponto de vista policial as pessoas. É no interesse delas, no interesse de quem as escolhe e no interesse da democracia portuguesa. Só protege os próprios e protege quem os escolhe e protege a democracia portuguesa fazer um esforço de memória para reconstituir aquilo que daqui por uns dias, uns meses, uns anos pode constituir um problema", defendeu.

O Presidente da República referiu que até agora "pelos vistos havia buracos, escapavam coisas, porque as pessoas se esqueciam ou não davam importância e não era possível controlar".

Segundo o chefe de Estado, o questionário adotado "não é uma fórmula definitiva, não é uma fórmula perfeita, não quer dizer que dê certo, é uma tentativa de ajuda daqueles que são convidados e daquele que convida, e já agora também do Presidente que nomeia, é já agora também a democracia, porque ganhava em não ter a multiplicação de situações como essas".

Marcelo Rebelo de Sousa realçou que além de analisar as respostas a estas perguntas feitas por escrito, o primeiro-ministro tem de formular juízo sobre outras questões quando escolhe os governantes: "O perfil político, a competência política, a adequação ao momento, as circunstâncias. Não há questionário que possa substituir esse tipo de juízo formulado por quem escolhe".