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Rússia realiza eleições locais e regionais em plena repressão política

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Foto AFP

As eleições locais e regionais começaram hoje em toda a Rússia, apesar da ausência de uma oposição credível diante das ondas de repressão exacerbadas desde a ofensiva militar do Kremlin na Ucrânia.

De acordo com a Comissão Eleitoral russa, 44 milhões de eleitores vão às urnas em 82 regiões.

Catorze milhões de russos irão eleger os seus governadores por sufrágio direto, enquanto outros seis milhões devem renovar os deputados dos parlamentos regionais.

Além disso, em doze grandes cidades, incluindo a capital Moscovo, os eleitores devem eleger os responsáveis dos órgãos municipais.

Em Moscovo, muitos anúncios incentivam as pessoas a votar, oferecendo-lhes a participação em lotarias nas assembleias de voto para ganhar prémios, segundo a agência de notícias AFP.

Em muitas regiões, a votação deverá ocorrer ao longo de três dias, um modo de funcionamento eleitoral adotado em 2020 para limitar o fluxo e o risco de infeção pelo SARS-CoV-2.

Em meados de agosto, a chefe da Comissão Eleitoral, Ella Pamfilova, justificou a manutenção deste tipo de escrutínio estendido como uma "poderosa medida preventiva" e um "formato muito prático".

Entretanto, muitos ativistas russos acusaram as autoridades de usar este formato eleitoral alargado para fraudar mais facilmente os votos, já que as urnas são armazenadas por um longo tempo antes de serem contadas.

A votação ocorre num clima de repressão agravado pela invasão na Ucrânia, que teve início em 24 de fevereiro. Dezenas de críticos do Governo foram detidos ou fugiram do país nos últimos meses e a maioria dos meios de comunicação independentes foi encerrada.

O ativista Alexei Navalny - que está atualmente preso e é o principal opositor do Presidente russo, Vladimir Putin -, pediu ainda assim aos russos que votem, seguindo uma estratégia de "votação inteligente", que consiste em votar no candidato mais bem colocado para vencer o do Kremlin.

"Qualquer ação destinada a enfraquecer os elementos do sistema de Putin é correta e constitui um dever cívico", disse Navalny, na terça-feira, na rede social Twitter.

O opositor pediu um voto "contra a guerra, as mentiras, a corrupção e a pobreza".

Navalny foi condenado em março a nove anos de prisão e as suas organizações foram banidas em 2021 na Rússia.

Essa estratégia de "voto inteligente" já teve algum sucesso no passado, mas sem alterar profundamente o cenário político russo, que ainda é amplamente dominado pelo partido de Vladimir Putin.