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Congresso argentino repudia "tentativa de assassinato" da vice-presidente

Foto JUAN MABROMATA/AFP
Foto JUAN MABROMATA/AFP

O Congresso argentino aprovou ontem uma declaração que expressa a sua "mais forte condenação e repúdio à tentativa de assassinato" da vice-presidente do país e ex-presidente (2007-2015) Cristina Fernández Kirchner.

O documento, modificado a pedido da maior frente de oposição do país, o conservador Juntos pela Mudança, aprovado pelos parlamentares no início da sessão, expressa a "mais forte rejeição" à "tentativa de assassinato" da vice-presidente.

A declaração ratificada na Câmara dos Deputados não mencionava a "violência política" ou o "discurso de ódio" que constavam do texto original.

Após a aprovação da resolução, os parlamentares da Proposta Republicana (PRO), uma das forças da frente de oposição, deixaram a sala porque não queriam debater "uma mensagem que não faz bem à sociedade".

O deputado e presidente do PRO, Cristián Ritondo, tomou a palavra antes de sair com seus colegas parlamentares da Câmara.

"Não queremos que este facto gravíssimo seja usado com o objetivo de gerar mais divisões, aglomerar os culpados e muito menos se tornar uma plataforma para atacar a oposição política, a justiça e os 'media', como infelizmente temos ouvido nas últimas horas. ", referiu.

O partido no poder alcançou o quórum necessário, com 138 parlamentares presentes.

Além do bloco Frente de Todos - a fação oficial à qual pertence a vice-presidente -, permaneceram nas suas bancadas os deputados da União Cívica Radical, da Coligação Cívica e os restantes membros do Juntos pela Mudança.

Por sua vez, o legislador e presidente do bloco Frente de Todos, Germán Martínez, considerou que existem "discursos de ódio" que são atuais e apontam contra a vice-presidente.

"Não tenho dúvidas de que há um discurso de ódio contra Cristina Fernández, e não somos apenas nós, o mundo discute o discurso de ódio", disse Martínez.

O homem, de nacionalidade brasileira, já detido, apontou uma arma à cabeça da ex-presidente da Argentina e atual vice-presidente do país, na última quinta-feira, e tentou atirar duas vezes, mas a arma não disparou.

O detido recusou-se a prestar declarações perante a juíza federal María Eugenia Capuchetti e o procurador Carlos Rívolo, encarregado da investigação, que se dirigiram à prisão onde está detido.

Por outro lado, a Polícia Federal Argentina realizou buscas na residência do detido, na cidade de San Martín, em Buenos Aires, onde apreendeu 100 projéteis de calibre nove milímetros, um telemóvel e um 'laptop'.

O Presidente da Argentina, Alberto Fernández, fez uma comunicação para repudiar o ataque e decretar feriado na sexta-feira, para que os cidadãos pudessem expressar-se contra a violência nas ruas.

O Presidente da Argentino afirmou que a vice-presidente foi alvo de uma tentativa de assassínio, que só falhou porque a arma de fogo não disparou.

O homem, prontamente detido, "apontou-lhe uma arma de fogo à cabeça e puxou o gatilho", disse o Presidente, na televisão nacional.

O detido, um homem de 35 anos e de nacionalidade brasileira, não possui antecedentes criminais no seu país de origem, segundo o Ministério da Segurança argentino.

A juíza responsável pela investigação, María Eugenia Capuchetti, visitou na sexta-feira a casa da vice-presidente argentina para recolher o seu depoimento.

Alberto Fernández também esteve na sexta-feira na casa de Cristina Kirchner, como um gesto de apoio.

Fernández liderou uma reunião do Governo para examinar "o estado de agitação social" após o ataque e, através de um comunicado, pediu a mobilização de todos os cidadãos.

Os apoiantes da vice-presidente têm-se reunido nas ruas à volta da casa de Kirchner desde a semana passada, após um procurador pedir uma pena de 12 anos para ela, num caso de alegada corrupção relacionado com obras públicas.

As tensões têm vindo a aumentar no bairro da Recoleta, em Buenos Aires, desde o fim de semana, quando apoiantes da vice-presidente entraram em confrontos com a polícia nas ruas que circundam o seu apartamento, após as forças de segurança terem tentado desmobilizar os manifestantes.