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ONU reafirma pedido por justiça em massacre de 2009 na Guiné-Conacri

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O secretário-geral das Nações Unidas (ONU) reafirmou hoje o seu compromisso de apoiar os esforços por justiça e responsabilização pelo massacre de 2009 na Guiné-Conacri, onde morreram 156 pessoas e mais de 100 mulheres foram violadas.

"O secretário-geral toma nota do início hoje dos julgamentos relacionados aos crimes cometidos em 28 de setembro de 2009 durante um comício da oposição em Conacri. Ele presta homenagem às centenas de vítimas e famílias de vítimas desses eventos, que esperaram por justiça por tantos anos", indicou o porta-voz de António Guterres, em comunicado.

Guterres pediu ainda às autoridades locais que assegurem que os julgamentos sejam conduzidos de acordo com o devido processo legal, para que os perpetradores sejam responsabilizados e as vítimas recebam reparações.

"O secretário-geral pede às autoridades que assegurem ainda mais que os direitos humanos sejam respeitados em todo o processo de transição política do país. Reitera a solidariedade e o apoio das Nações Unidas aos esforços regionais para acompanhar o retorno à ordem constitucional na Guiné", concluiu Stéphane Dujarric.

Dezenas de pessoas preencheram hoje um tribunal da Guiné-Conacri para ver o antigo ditador Moussa Dadis Camara responder pelo massacre de 28 de setembro de 2009, no qual morreram 156 pessoas e mais de 100 mulheres foram violadas.

No tribunal acabado de construir para o efeito, dezenas de vítimas esperaram pelo início do julgamento do que se passou em 2009, quando as autoridades da Guiné-Conacri reprimiram com violência uma manifestação pacífica de dezenas de milhares de pessoas que se juntaram num estádio local para mostrar o desagrado pela candidatura de Camara a um novo mandato, nas presidenciais de janeiro de 2010.

"Estou a viver um sonho", disse o presidente da Associação de Vítimas, Pais e Amigos de 28 de Setembro de 2009, Asmaou Diallo, citado pela agência France-Presse. "Isto é um sonho em que sempre acreditámos", afirmou, referindo-se ao julgamento de 12 elementos das forças de segurança de Camara que mataram 156 pessoas e violaram 109 mulheres nos dias seguintes à manifestação.

Cerca de uma dúzia de acusados vão responder em tribunal por diversos crimes, entre os quais homicídio, violência sexual, rapto, fogo posto e pilhagem.

Em 28 de setembro de 2009, os Boinas Vermelhas da guarda presidencial, a polícia e milícias reprimiram de forma violenta uma manifestação com dezenas de milhares de pessoas concentradas num estádio nos arredores de Conacri, para protestar contra a candidatura de Camara a um novo mandato nas eleições de janeiro do ano seguinte.

Os abusos, perpetrados com crueldade desenfreada e desumanidade, segundo as testemunhas que relataram a experiência a uma comissão de inquérito das Nações Unidas, continuaram durante vários dias contra mulheres raptadas e prisioneiras torturadas.

Durante estes dias, pelo menos 156 pessoas foram mortas e centenas ficaram feridas, tendo havido pelo menos 109 mulheres que foram violadas, segundo o relatório de uma comissão de inquérito internacional mandatada pela ONU.