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Carlos III criticado após notícia de despedimentos de funcionários

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Foto: NUNO VEIGA/LUSA

A notícia de que até 100 funcionários da antiga residência do Rei Carlos III poderão perder os seus empregos está a suscitar críticas à monarquia britânica, poucos dias após a proclamação do filho primogénito da Rainha Isabel II.

O jornal britânico The Guardian noticiou na terça-feira que dezenas de funcionários da Clarence House, antiga residência oficial de Carlos, foram avisados de que os seus empregos estavam em risco.

A reportagem dizia que os avisos chegaram no meio de um período de transição atarefado, quando Carlos e a esposa Camilla, a rainha consorte, se mudaram para o Palácio de Buckingham após a morte da Rainha Isabel II, na passada quinta-feira.

O Sindicato dos Serviços Públicos e Comerciais apelidou a decisão de informar o pessoal sobre cortes de postos de trabalho durante um período de luto "nada menos do que insensível".

"Embora fosse de esperar algumas mudanças nas equipas, pois os papéis em toda a família real vão mudar, a escala e a velocidade a que isto foi anunciado é extremamente insensível", lamentou o secretário-geral do sindicato, Mark Serwotka.

O Reino Unido encontra-se num período nacional de luto até segunda-feira, quando o funeral de Estado da Rainha será realizado.

Num comunicado, a Clarence House explicou que, após a proclamação do Rei, as operações das equipas de apoio a Carlos e de Camilla "cessaram" e "como exigido por lei, foi iniciado um processo de consulta".

"O nosso pessoal prestou um serviço longo e leal e, embora alguns despedimentos sejam inevitáveis, estamos a trabalhar urgentemente para identificar papéis alternativos para o maior número possível de funcionários", acrescentou a declaração.

"Todos estão absolutamente lívidos (...) as pessoas ficaram visivelmente abaladas com isto", disse, por sua vez, um funcionário de Carlos, que falou ao jornal The Guardian sob a condição de anonimato.

Também nos últimos dias foram divulgados dois vídeos que estão a gerar polémica e que vieram contribuir para reforçar a imagem negativa do monarca de 73 anos.

Os vídeos em questão, que o mostram visivelmente irritado com uma caneta que largava tinta e um tinteiro, foram amplamente partilhados nas redes sociais.

Num vídeo, vê-se o Rei a perder a calma com uma caneta de tinta permanente enquanto assinava um livro de visitas na Irlanda do Norte, que visitou esta semana.

"Oh Deus, odeio isto! (...) Não aguento mais esta porcaria! (...) Acontece sempre a mesma coisa", desabafa o monarca.

O vídeo surge depois de um outro incidente relacionado com canetas, quando o novo monarca foi visto a gesticular irritado com o assessor por causa de um tinteiro que estava a atrapalhar a assinatura de um documento durante a sua cerimónia de proclamação no passado sábado.

Carlos tem estado sob intenso escrutínio dos meios de comunicação social e sujeito a uma pesada agenda desde a morte da mãe na Escócia, na passada quinta-feira. 

Carlos e Camilla voaram da Escócia para Londres para a sua cerimónia de proclamação e uma visita ao parlamento, antes de regressarem para a Escócia, onde o Rei participou no velório da rainha.

Na terça-feira voou para a Irlanda do Norte e regressou a Londres na mesma noite, a tempo do cortejo fúnebre, hoje realizado, do caixão da rainha desde o Palácio de Buckingham até Westminster Hall.

Hoje retirou-se para a residência de campo de Highgrove, a cerca de 160 quilómetros de Londres.

Isabel II morreu a 08 de setembro aos 96 anos no Castelo de Balmoral, na Escócia, após mais de 70 anos no trono, o mais longo reinado da história do Reino Unido.

A urna da monarca encontra-se em câmara ardente no Palácio de Westminster até ao funeral de Estado na segunda-feira na Abadia de Westminster, também em Londres.

Durante os próximos quatro dias, o salão onde está colocada a urna estará aberto ao público 24 horas por dia.

Após a morte da monarca, o filho primogénito assumiu aos 73 anos as funções de rei como Carlos III.