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A língua portuguesa é a minha pátria

Chega a ser um pouco desanimador, entrar numa loja, em Lisboa, e ouvir “Hello”, ao qual se responde “Olá, boa tarde”

Não restam dúvidas de que a língua universal é o inglês e, numa era altamente globalizada, onde a comunicação com o outro é feita, maioritariamente, através desta língua estrangeira, torna-nos quase que reféns da mesma.

Quem não sabe esta língua ou quem não a domina bem, sente uma pressão gigante e nada saudável em tentar alcançar a sua aprendizagem na perfeição, para corresponder à evolução destes tempos.

Em Portugal, fala-se mais inglês do que português. É mais do que claro que, com o forte potencial do turismo, tem-se que estar preparado para receber as pessoas oriundas de outros países. No entanto, chega a ser um pouco desanimador, entrar numa loja, em Lisboa, e ouvir “Hello”, ao qual se responde “Olá, boa tarde”; e um espanto faz-se notar ao som do “Ah, é portuguesa.”

Feita a introdução, quero aqui expor que, a língua faz parte de todos os bens que constituem o património cultural de um povo ou de uma nação. Ela permite-nos comunicar os valores, as ideias ou até os sentimentos com os outros. Mas mais do que uma forma de comunicar, a língua é uma identidade cultural de todas as pessoas. A língua portuguesa é uma identidade cultural de todos os falantes desta língua.

Portanto, a língua é um bem do património cultural imaterial, e temos como missão salvaguardar este elemento vital da nossa identidade cultural comum.

É algo desalentador ouvir os jovens, atualmente, a falar mais inglês do que português. Por um lado, é compreensível, pois a língua estrangeira está enraizada em tudo. Por outro lado, assistimos ao atropelamento da própria língua materna, porque o seu estudo e contacto com ela começa a ser menor. Para ser fluente numa língua estrangeira é importante sermos fluentes na nossa própria língua.

Sem que nos apercebamos, em muitas das zonas do nosso país, o português está a desaparecer. Em Lisboa, para ouvir os lisboetas, temos de ir para os bairros típicos ou até mesmo sair da zona de Lisboa. Porventura, não deixa de ser uma das línguas mais faladas no mundo.

Torna-se essencial termos consciência disso, para não dar lugar ao desaparecimento da nossa língua. Os jovens falam mais inglês do que português, e Portugal é composto, maioritariamente, por população envelhecida. Ora, a morte dos falantes e a falta de continuidade dos mais novos são aspetos decisivos para o fim de uma língua. Os mais novos não têm mais interesse em falar a língua dos pais.

A língua é a essência de um povo, e o seu desaparecimento é prejudicial para a sociedade. Atenção, não é apenas o português, muitas outras línguas estão a desaparecer. E essa própria língua… esse próprio idioma é a essência e alma de um povo.

É importante preservarmos a nossa identidade cultural. Falar a nossa língua, e com ênfase nos diferentes sotaques da língua. Porque isso é parte de nós.

O que os nossos antepassados nos deixaram, não foram apenas os monumentos, as tradições, os costumes ou os seus textos, mas também o vocabulário, as sintaxes, a sua língua. A língua portuguesa é um elemento essencial do património cultural português sendo, por isso, merecedora de proteção e valorização.