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Colômbia recusa pedido de Caracas para extraditar venezuelanos

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Foto EPA

O Presidente da Colômbia, Gustavo Petro, recusou um pedido feito pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, no poder) para extraditar várias pessoas.

"A Colômbia garante o direito ao asilo e ao refúgio", respondeu Gustavo Petro na conta na rede social Twitter.

Na segunda-feira, o vice-presidente do PSUV, Diosdado Cabello, considerado o "número dois" do regime do Presidente venezuelano, de Nicolás Maduro, tinha indicado, em conferência de imprensa, esperar que Bogotá aceitasse extraditar "uma quantidade de gente", bem como a normalização das relações bilaterais.

"Estamos à espera que as coisas com a Colômbia se regularizem, uma vez que já foi nomeado um embaixador, e que o sistema judicial comece a funcionar. Há várias pessoas que estão lá que a Venezuela pede que sejam extraditadas, que sejam detidas e enviadas para a Venezuela, por crimes cometidos contra o nosso país", salientou Diosdado Cabello.

O vice-presidente do PSUV explicou que na Colômbia "têm até assassinos, ladrões, protegidos por lá", sem adiantar pormenores.

"Seguramente que vão ser julgados pela justiça venezuelana, mas também pela justiça colombiana. Tudo é uma questão de vontade política", frisou.

A imprensa da Venezuela e a da Colômbia indicaram tratar-se de um pedido de extradição de opositores de Maduro.

Em 28 de julho, Caracas e Bogotá anunciaram ter chegado a um acordo para retomar as relações bilaterais, reabrir, a partir de 07 de agosto, data da tomada de posse de Gustavo Petro, a fronteira entre os dois países e nomear embaixadores nas duas capitais, respetivamente.

O anúncio foi feito pelo novo ministro dos Negócios Estrangeiros colombiano, Álvaro Leyva Durán em San Cristóbal, no sudoeste da Venezuela, numa declaração conjunta com o homólogo venezuelano, Carlos Farias.

Em 08 de agosto, o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López anunciou, através das redes sociais, que Caracas restabeleceria "de imediato" as relações militares com a vizinha Colômbia, suspensas desde 2019, por ordem do Presidente Nicolás Maduro.

A Venezuela e a Colômbia partilham mais de dois mil quilómetros de fronteira, que, segundo a imprensa local, continua fechada.

Em fevereiro de 2019, Nicolás Maduro cortou relações diplomáticas e políticas com a Colômbia, que acusou de apoiar os Estados Unidos num golpe de Estado contra o regime venezuelano.

A rutura ocorreu depois de o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela Jorge Arreaza ter acusado os EUA e a Colômbia de violarem a Carta da ONU, ao apoiarem o líder opositor venezuelano Juan Guaidó que, em 23 de janeiro de 2019, jurou publicamente assumir as funções de Presidente interino e declarou que assumia os poderes executivos de Maduro.

Desde 2015 que as relações entre a Venezuela e a Colômbia têm passado por vários momentos de tensão.

Nesse ano, o Governo venezuelano ordenou temporariamente o encerramento das fronteiras entre os dois países, na sequência de confrontos entre as forças de segurança venezuelanas e civis armados, que Caracas acusou estarem ao serviço do antigo Presidente colombiano Álvaro Uribe, que condenou as acusações.

Em agosto de 2017, Colômbia, Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai e Peru apoiaram a criação do Grupo de Lima para alegadamente encontrar uma solução pacífica para crise política, económica e social na Venezuela.