Análise

A importância da prevenção

Mês trágico obriga a cautelas acrescidas, mesmo que o imprevisível possa acontecer

Nada é mais importante do que a vida e neste mês de tanto desgosto importa reflectir num sem número de aspectos que devem valorizar a vertente preventiva, de modo a minimizar impactos das ocorrências tanto em ambientes aparentemente insuspeitos porque domésticos, como em plena natureza normalmente generosa em termos de beleza ou em contextos festivos, normalmente cúmplices de excessos e de desleixos, de alienações e estranhas tolerâncias.

Por muito imprevisíveis que algumas possam ser, há tragédias evitáveis se houver um esforço colectivo para cuidar de tudo aquilo que, a montante, potencia o perigo. A moderação no consumo de álcool; a vigilância apertada ao tráfico de estupefacientes que está a transformar arraiais, festivais e espaços nocturnos num antro de vício e delinquência; a manutenção e a sinalização de percursos pedestres recomendados; a monitorização constante das escarpas e de outros espaço públicos de risco acrescido; o controlo efectivo das velocidades furiosas; o respeito pelos avisos meteorológicos e alertas da Protecção Civil; a análise prévia e paciente das condições físicas e materiais necessárias para que as aventuras não terminem em desgraça não é só trabalhos das autoridades policiais e dos poderes eleitos. Cabe a cada um agir em consciência.

Os dramas que nos deixam muitas vezes sem palavras não podem ser encarados com leviandade, com o fútil encolher de ombros ou com a suavização de que tudo poderia ser bem pior.

Terão que ser enfrentados com determinação, mesmo que geradores de contestação, sem nunca descurar as componentes pedagógicas, já que nem todos manifestam ter berço e muitos outros estão a perder noções básicas de convivência social e valores inquestionáveis.

A Madeira deve acautelar segurança transversal a residentes e a visitantes, por muito que a emergência pré-hospitalar seja rápida, que os cuidados de saúde sejam exemplares e que vivamos num cantinho do céu. De nada valerá termos um helicóptero de combate aos fogos se continuarmos a fazer queimadas proibidas e a protegermos os pirómanos. De pouco servirá ter um agente polícia em cada esquina se por norma provocamos o caos no trânsito, distúrbios na noite e ruído fora de horas. De nada valerá acenar com recordes nos indicadores turísticos por muito que nos encham de satisfação, se há quem roube e viole quem nos visita e se entre os distraídos forasteiros subsistir quem ignore avisos, abeirando-se de falésias ou frequentando praias não vigiadas.

Sejamos prudentes e responsáveis. Façamo-lo com honestidade e de forma exemplar em memória da menina que morreu nos últimos minutos do último Rali, dos dois praticantes de parapente que perderam a vida na Madalena do Mar e da mãe que foi colhida fatalmente na derrocada de ontem da Vitória. Mas também sem esquecer quantos foram há cinco anos à festa em honra da padroeira da Madeira e nunca mais subiram ao Monte e os que pereceram nas nossas levadas em pleno momento de lazer, dando que pensar que os acidentes estejam a aumentar onde, nos últimos dois anos, três pessoas morreram e outras três desapareceram.